Coisas que me assustam: a nova era cognitiva
E mais: o segredo por trás dos discursos de Obama + um produtor audiovisual peaky blinders
Antes de mais nada, relato a seguir o que vou relatar, como testemunha que sou, habitante da fronteira que estou, combinado? Não é que eu concorde com o que Dra. Mithu Storoni traz em seu livro “Hyperefficient: Optimize Your Brain to Transform the Way You Work.”, mas trago suas ideias para debater algo que parece estar crescendo, uma certa releitura das ciências cognitivas como que seguindo a ventania das novidades ao redor de I.As e demais traquitanas generativas desta segunda década.
Dito isso, sem mais, vamos lá.
Segundo a autora, a própria "infraestrutura psicológica do trabalho é um modelo obsoleto”, porque durante muito tempo, o sucesso no trabalho foi medido pela quantidade de horas trabalhadas ou pelo número de metas atingidas. Segundo ela, isso fazia sentido quando o foco era a produtividade em termos de volume, mas não se encaixa por exemplo, na era mediada pela I.A.
Ela afirma que hoje, precisaríamos de uma nova abordagem que valorizasse a qualidade sobre a quantidade. Para Dra. Storoni, a chave para esse novo paradigma é repensar completamente como estruturamos nossos dias de trabalho, com ênfase na eficiência cognitiva.
“Ao invés de gerar 100 ideias ruins, precisamos encontrar aquela única boa ideia,” diz Storoni. Isso requer um novo modelo de trabalho que permita à mente funcionar de maneira diferente, focando na qualidade das soluções e não na quantidade de saídas cognitivas que produza.
O novo modelo teria a ver com trabalhar em explosões de alta eficiência
Um dos grandes obstáculos para o trabalho de alta qualidade é a ideia de trabalhar continuamente por longas horas. A pesquisa de Storoni mostra que o trabalho contínuo reduz a capacidade do cérebro de tomar decisões criativas e gera ideias inovadoras. Para superar isso, ela recomenda um modelo de trabalho baseado em “explosões” curtas de foco intenso, seguidas por intervalos regulares para descanso.
A sugestão é dividir o dia em sessões de trabalho de 90 minutos, sendo os primeiros 20 minutos dedicados às tarefas mais difíceis. À medida que a mente começa a se cansar, as tarefas mais simples e menos exigentes podem ser abordadas. Esse ciclo respeita o funcionamento natural do cérebro, que não foi projetado para manter níveis elevados de concentração durante longos períodos.
Além de trabalhar em ciclos curtos, o momento do dia também é essencial para maximizar o desempenho cognitivo. Storoni explica que tarefas que envolvem criatividade e resolução de problemas são mais eficazes nas primeiras horas da manhã e à noite, logo antes de dormir. Já o meio do dia é ideal para tarefas que exigem foco convergente, como a implementação de ideias já desenvolvidas.
Essa abordagem requer flexibilidade por parte dos gestores. Ao invés de impor o mesmo cronograma de trabalho para todos, Storoni sugere que os líderes considerem a natureza das tarefas de suas equipes e ajustem os horários de acordo.
O poder dos intervalos corretos
Tão importante quanto as explosões de trabalho focado são os intervalos. No entanto, não basta simplesmente "fazer uma pausa". A qualidade do descanso e do tipo de pausa que você faz pode afetar significativamente a eficiência do seu cérebro.
A primeira função de uma pausa é restaurar o cérebro, aliviando a fadiga. Quando o cérebro está cansado, seus caminhos de processamento de informações se tornam ineficientes, o que leva a decisões de menor qualidade e menos criatividade.
Storoni destaca que, ao fazer uma pausa, você deve primeiro identificar o seu estado mental. Se você está "cansado e agitado", uma pausa ativa, como uma caminhada rápida ou exercícios respiratórios, pode ajudar a acalmar a mente e prepará-la para a próxima sessão de trabalho. Já se você se sente "cansado, mas não agitado", pode optar por um descanso mais passivo, como sentar em silêncio, sonhar acordado ou ler algo relaxante.
Storoni fala também… sobre como adaptar seu cérebro à era da I.A.
E é aqui que se manifesta esta certa tendência a fagocitar o que se pensa para o futuro, como lição de negócios para o presente. A pesquisadora, neste sentido, propõe que o sucesso seja medido pela qualidade das soluções e ideias geradas. Essa mudança não é apenas uma adaptação à IA, mas um passo fundamental para otimizar a performance humana em um ambiente de trabalho cada vez mais cognitivo.
Enfim, é tudo sobre o próximo clique…
Desde Daniel Goleman e o seu Inteligência Emocional - e lá se vão 30 anos - , passando pelo Ócio Criativo do DeMasi e pelo Freakonomics do Levitt, quem está conectado com a indústria criativa vive de ser orbitado por toda sorte de gurus que prometem repensar a forma como se deve pensar. E se isso já é questionável no país de origem destas obras, que dirá no dia a dia de quem vive sob outras condições, realidades e potencial.
Fica claro que aplicar essas estratégias no cotidiano depende muito da flexibilidade de nossas rotinas. Para muitos, ajustar o horário de trabalho, tirar um cochilo no meio da tarde ou caminhar quando enfrentam bloqueios pode ser difícil, especialmente em ambientes corporativos rígidos.
E é aqui que vejo nascer toda uma galera que busca embarcar em pseudociência do cérebro e comportamento seguindo a maré do que as matérias mais clicáveis demandam naquela semana, sabe? E não evitarão jogas seus PHDs na roda para isso.
E você, o que acha?
O projeto mauroamaral.com nasce a partir da certeza de que o futuro de conteúdo bem feito, pode ser traduzido em dois conceitos: curadoria e canais de contato direto. A sua newsletter é uma das melhores versões desta união. Mas temos outras: um canal no Instagram, uma comunidade no WhatsApp e ainda o Telegram e o Discord.
[READ → obama care]
Você já ouviu falar da regra 50/25/25 para os discursos do Obama?
Cada geração tem seus grandes comunicadores, e para a nossa, Barack Obama é um dos maiores exemplos. Mas ele nem sempre foi um orador magnético. No início de sua carreira, Obama enfrentou dificuldades em falar em público, chegando a congelar em uma apresentação importante.
A transformação veio com prática, claro, mas também com a adoção de uma regra simples, desenvolvida por seu ex-redator de discursos Terry Szuplat: a regra 50/25/25. Essa fórmula determina que, para qualquer discurso, você deve dividir seu tempo de preparação em 50% para pesquisa e organização, 25% para redação, e 25% para edição e prática.
Mais do que um método de organização, essa regra reforça que a verdadeira chave para uma comunicação eficaz é a clareza de valores. Obama destacou que os melhores oradores são aqueles que têm certeza de suas convicções.
Seja em um discurso político ou em uma apresentação corporativa, o tempo gasto refletindo sobre sua mensagem central é essencial para evitar o vacilos e vícios de linguagem e passar confiança ao público. Grandes líderes não se destacam apenas pela técnica, mas pela profundidade do que acreditam.
Soltei um artigo no mauroamaral.com onde explico os detalhes da técnica →
[PLAY → meio peaky blinders]
Viva a vida e as histórias virão
Tem alguma coisa no estilo de filmografia do Ali Gallop que me chama atenção faz tempo. Acredito que seja o fato de traduzir perfeitamente o que já chamei por aqui de “direto do fluxo da minha consciência para os ouvidos da sua”, que foi o tagline deste projeto aqui ali por 2019, 2020, tempo em que me dedicada a ter episódios semanais do podcast.
Mas pode ser também a forma incrível como ele cadencia imagens, trilha e seus monólogos realmente entregando histórias em vídeo que a) gostaria de ter feito; b) adoro assistir e c) adoro aprender com.
O episódio da semana passada, quando nos distrai com o resumo de sua viagem ao Cairo, é um bom representante desta tríade de possibilidades. Uso o termo distrai aqui como o Christian Bale em “O grande truque”, explicando as mãos do mágico sabe? O segredo é fazer você olhar para a mão que NÃO FAZ o truque ou algo assim.
Porque toda a técnica que mencionei acima vai nos conduzindo a uma entrega final que se só é apresentada no caminho de volta: “Viva a vida. As histórias vão acontecer”, como uma receita para a contação de grandes histórias.
Perfeito, denso, leve, divertido, frenético e com sotaque meio peaky blinders. Melhor combinação impossível.
Veja aí:
[PLAY → Jabá]
Você pode ouvir a palavra da Sinapse?
Eu edito esta newsletter e a outra, a News da CC, utilizando minha metodologia de curadoria e produção de conteúdo acelerada por I.A + Automação.
O nome da criança é Sinapse e ela dá os primeiros passos como ideia viável em busca do fit com o seu mercado, contratantes de projeto de conteúdo.
Sendo você um deles ou não, fica aí meu convite para conhecer um vídeo de pouco mais de 10 minutos onde explico por que, como e para quê montei essa brincadeira. É só clicar na minha carinha:
Temos biscoitinhos essa semana? Sim. Mas montei uma prateleira especial com livros que complementam o texto de abertura! De nada!
📚 Sorria! Você está sendo feliz | Happycracia – Edgar Cabanas e Eva Illouz.
Você já parou para pensar que, hoje em dia, a felicidade virou quase uma obrigação? Em Happycracia, Edgar Cabanas e Eva Illouz desmascaram a “psicologia positiva” e mostram que essa busca incessante pelo bem-estar pode estar nos transformando em meras máquinas de produção. Felicidade forçada? É aqui que começa o questionamento →
📸 Cheese! Estamos te vigiando | Políticas da Imagem – Giselle Beiguelman.
Se já tirou uma selfie hoje, você está participando do jogo das imagens na dadosfera. Giselle Beiguelman explora em Políticas da Imagem como as fotos, os memes e até os deepfakes estão transformando nossa sociedade – e como a vigilância deixou de ser coisa só de filme de espião. Olho na tela →
🧠 Cérebro: o maior arquiteto do universo | O Verdadeiro Criador de Tudo – Miguel Nicolelis. Imagine um computador orgânico superpoderoso que cria a realidade ao nosso redor... Spoiler: é o seu cérebro! Miguel Nicolelis, em O Verdadeiro Criador de Tudo, explica como a nossa mente esculpiu o universo como o conhecemos. Ciência de ponta com uma pitada de aventura cerebral →
🔬 Cuidado com os falsos gurus! | O Mundo Assombrado pelos Demônios – Carl Sagan. Carl Sagan, com seu toque genial, nos alerta sobre os “demônios” da pseudociência em O Mundo Assombrado pelos Demônios. Cheio de humor e insights, o livro é um guia para navegar com sabedoria pelos mares da ciência e não cair nas garras do charlatanismo. Porque, né? Ninguém merece ser enganado →