Centro do Rio de Janeiro ou deserto do Sudeste?
Cumpro compromissos pessoais em dia de folga de outras atribuições até 15h30 da última terça-feira. Como que tentando parecer íntimo na conversa com antigas amizades, resolvo experimentar o VLT, saindo do Aeroporto Santos Dumont até a estação Carioca, 10 minutos depois.
Desço pela espiral que dá acesso ao subsolo do edifício Marques de Herval e dou aquela passada básica para uns “Boas Tardes” aos sempre atentos vendedores do sebo Beringela e a livraria Leonardo Da Vinci.
Noto que mal havia interagido com a rua, uma vez que quando esse bonde futurístico abriu suas portas, já havia emburacado para esse bater de ponto inevitável quando o assunto é ser bibliófilo no Centro do Rio de Janeiro. E, então, resolvo fazer isso.
Relembro que passei boa parte entre final de minha adolescência e início da vida de jovem adulto andando atento pelo quadrilátero composto pela Praça da República, a Praça XV, Uruguaiana e Marrecas, considerando tudo o que de histórico, bom e ruim que se acotovelava por ali. Falei sobre isso aqui, nesta participação no podcast Caixa de Histórias, comentando a obra de Rubem Fonseca.
No entanto, o que encontrei foi mais absoluto vácuo. O Centro do Rio de Janeiro, o mesmo dos Golpes da República e de 64, das Diretas Já, dos Cara Pintadas e de vários Carnavais, jaz deserto. Pandêmico e endêmico em suas más gestões. Semi-abandonado.
Terça-feira, 16h. Dezembro. Vazio. Nunca imaginei poder reunir essas três palavras em uma mesma frase tratando-se desta região da maior cidade do maior país da América Latina.
Este relato semanal direto da tríplice fronteira entre tecnologia, comunicação e cultura hoje fica com apenas e pergunta, na intenção de compartilhar comentários alinhados com esta minha percepção.
Acabou?