Daisy Jones ouvindo Rumors de que Greta Van Fleet vem aí para falar sobre Newstalgia
Uma rápida reflexão sobre REMIXEs que valem a pena e de como isso gerou um conceito bacana de conhecer.
(antes de começar, lembrando que temos um servidor no Discord e um grupo no Telegram e até um Canal no Instagram para seguirmos conversando durante a semana. Passem por lá!)
Acordo na terça-feira, véspera de embalar a edição da newsletter para viagem, com a mesma (boa) sensação de outras semanas: vou ter que repensar o que já tenho pronto.
O motivo é um só: a HBO fez história mais uma vez ao colocar no ar para que todos vissem e se deleitassem um de seus episódios que entram para a história assim que terminam, ainda nos créditos. Sim, falo do episódio 3 da última temporada de Succession, “O casamento de Connor”.
Succession, você sabe, foi criada por Jesse Armstrong e nos mostra as tramas palacianas em torno da família Roy, proprietária de um conglomerado de mídia global, e as lutas internas pelo controle da empresa.
Em sua quarta temporada, o velho Logan Roy, o patriarca da família e fundador da empresa; segue (ou seguia, ou segue, não sei mais) enfrentando em diferentes formatos e graus seus quatro filhos, Kendall, Shiv, Roman e Connor; além de destratar com os sonoros “Fuck Off” o círculo próximo de associados e funcionários da empresa.
Mas se podemos falar da trilha impecável, da direção de fotografia que nos trás uma câmera que é testemunha de vidas que parecem correr em tempo real e da direção de atores que levou, por exemplo, Jeremy Strong (que interpreta Kendall) a encarar técnicas de imersão total em seu personagem; enfim, se podemos chover no molhado… não devemos. Por que nada disso faz o episódio em questão ser único.
O que faz deste episódio definitivo (vejam… é o terceiro de 10 episódios da temporada final) é o uso de outro conceito, esse importado de artes plásticas: o espaço negativo.

O conceito de espaço negativo, também conhecido como espaço vazio, é uma técnica muito utilizada em artes plásticas, design gráfico e cinema. O termo se refere a uma área vazia, sem elementos visuais ou narrativos, que é tão importante quanto os elementos presentes. Essa técnica pode ser utilizada para criar um contraste, destacar um elemento ou para criar uma sensação de tensão.
Na narrativa cinematográfica, o espaço negativo é utilizado para criar uma pausa, um momento de reflexão para o espectador. É um recurso que pode ser utilizado para intensificar o impacto de uma cena ou para destacar a emoção de um personagem.
No episódio 3 da última temporada de Succession, “O casamento de Connor”, o diretor da fotografia utilizou o espaço negativo de forma brilhante. Ele criou momentos de tensão e incerteza, onde o espectador é deixado com a sensação de que algo está prestes a acontecer, mas não sabe o que é. Ou nos deixa em dúvida se está realmente acontecendo. Essa técnica contribuiu para tornar o episódio ainda mais intenso e emocionante.
Usou, em última análise o maior espaço negativo que temos de nós mesmos. Definitivo, portanto.
Eu não vou dar spoilers, mas estarei em nosso Discord durante a semana para a gente trocar uma ideia caso vocês já tenham visto.
Agora, vamos ao conteúdo que havia programado. 🙂
(ah, essa semana temos um bônus para os assinantes que contribuem com alguns caraminguás. É um conteúdo bacana que nasce na forma de conceito útil para seus projetos criativos ao final desta edição)
[PLAY]: AURORA < RUMORS < SÉCULO XXI
Sabe a série "David Jones and The Six"? Pois é, bem legal. Tá disponível na Prime Video e, vale lembrar, é a versão audiovisual do bestseller de Taylor Jenkins Reid, que já morou na lista dos mais vendidos do The NY Times.
A obra conta a história da formação e sucesso da banda que dá nome ao livro, com direito a triângulos amorosos entre a dupla de compositores e a esposa do front-man. Tudo isso bem açucarado e diluído na parte “sexo, drogas & rock-n-roll". Mas ainda assim, para quem curte séries musicais, vale a maratona. (Eu curto, pois maratonei).
Mas a dica abre esse [PLAY] por outro motivo que não suas aspirações artísticas. Pode parecer que não é nada novo. Mas se liguem.
É claro que os produtores da série não dariam mole e produziram muito material transmidiático. Vamos do básico: a banda tem um perfil de artista e álbuns como se fossem reais no Spotify.
Até aí nada demais. Isso se não fosse por um porém. Embora a autora precise sempre lembrar que apenas se inspirou em Stevie Nicks do Fleetwood Mac, é inegável que o tempero vem da mesma fonte. Sim, o seu Álbum obra-prima, o Rumors de 1977, foi gravado exatamente em meio a esse clima de ninguém é de ninguém e todo mundo finge que ninguém sabe. Na série, é o mesmo clima que dá o tom de “Aurora”, o álbum que eleva a banda de Pittsburg ao estrelato.
Ou seja: temos uma obra pseudo-biográfica que nos apresenta a jornada de uma banda que, por sua vez, foi baseada em uma treta real. Depois disso, podemos ainda acompanhar o conteúdo virar REAL/VIRTUAL igualmente e se retroalimentar. Puro suco de entretenimento de nossa era de streaming.
A era do streaming que, aliás, já havia ressuscitado a FleetWood Mac, fazendo a canção Dreams viralizar em 2021, depois deste TikTok.
[PLAY]: GRETA VAN FLEET = SÉCULO XXI
Daisy Jones me lembrou que, quando comecei nessa indústria vital chamada internet, um vídeo fazia muito sucesso. (Não, não é o “Two girls and a cup”). Era o “Everything is a remix”, de Kirby Ferguson, que até verbete na WikiPedia tem.
Quando os vídeos do Greta Van Fleet começaram a aparecer em minha ForYou do TikTok, a conexão foi imediata. Era como testemunhar a pesquisa de Fergusson ao vivo.
Mas, caso você ainda não saiba, o Greta Van Fleet é uma banda americana de hard rock formada em Frankenmuth, Michigan, em 2012, pelos irmãos gêmeos Josh Kiszka e Jake Kiszka (vocal e guitarra, respectivamente), o irmão mais novo Sam Kiszka (baixo) e o baterista Daniel Wagner (amigo de infância dos irmãos Kiszka).
O nome da banda foi inspirado em uma moradora de Frankenmuth, Gretna Van Fleet. Curiosamente a cidade americana é cheia de pontos fora da curva. Fundada em 1845 por imigrantes alemães, a cidade é conhecida como a "capital das galinhas", devido à sua produção de aves de capoeira e produtos derivados. Além disso, Frankenmuth é famosa por seu centro histórico, que oferece uma variedade de lojas, restaurantes e atrações turísticas, de inspiração alemã; incluindo o famoso Bronner's Christmas Wonderland, uma loja de Natal que é considerada a maior do mundo. A cidade também é conhecida por sediar o festival anual de Oktoberfest, um evento que celebra a cultura alemã com comida, música e cerveja.
Pois bem, se são novos agora, imagina em 2017, quando os irmãos Kiszka lançaram seu EP de estreia, "Black Smoke Rising", que foi seguido pelo EP duplo "From The Fires". Seu estilo musical é geralmente categorizado como hard rock e blues rock.
E é aqui que a cultura do REMIX se manifesta: a banda é frequentemente comparada ao Led Zeppelin, e o vocalista Josh Kiszka cita Robert Plant como uma influência em sua voz. Os membros da banda possuem influências musicais diversas, incluindo blues, jazz, folk e rock clássico, e eles compõem juntos como um todo.
São, assim como o revival de FleetWood Mac em 2021 e a série derivada (ou não) de sua jornada exemplos de um termo chamado “Newstalgia”. O novo que bebe da fonte do antigo, em eterna ressignificação. Calma, vamos falar sobre ele já, já.
…e se você fosse meu assinante regular?
Você teria acesso ao conceito que vamos debater lá no final desta edição!
Dito isso, que tal apoiar não só a mim mas todos os criadores de conteúdo deste ambiente? Essa é a ideia por trás do Substack, aliás: permitir a quem é ligado umbilicalmente a produção textual, conseguir captar alguns caraminguás.
Eu pensei no seguinte: por apenas R$ 7 mensais, você garante recompensas alinhadas com o meu trabalho por aqui:
Acesso direto à íntegra de materiais das minhas pesquisas, o que é uma super-referência;
E como conversa é o que move o mundo, temos um grupo fechadíssimo em nosso Telegram para seguir conversando, indicando leituras e debatendo os temas dos programas. Normalmente, entro em contato tão logo a pessoa assine. Mas, caso tenha deixado passar, fala comigo!
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Biscoitinhos para a provável audiência que mora também na tríplice fronteira entre tecnologia, comunicação e cultura…
Ano passado o Rádio completou 100 anos no Brasil. Estive em uma roda de conversa na UERJ para debater sobre o tema, a convite do AudioLab e outros Laboratórios de Comunicação da Instituição. Parte deste material saiu neste matéria especial distribuída ontem »
O YouTube está firme na proposta de fazer o que todo podcaster de respeito já fazia desde 2010: usar a plataforma de vídeo como mais uma opção para sua audiência. Segundo o material levantado por eles, a CEO do YT, Neal Mohan, anunciou várias iniciativas e recursos novos focados em quem conta histórias em áudio (ou quase), que vão de clones do TikTok a conexão direta com Feeds RSS »
O perfil @TheSummerHunter, que traz carrosseis temáticos e com conteúdo bem interessante no Instagram, pergunta se estamos vivendo o fim de uma era nas redes sociais…»
Se liga nessa entrevista que coordenadora do MediaLab.UFRJ, Fernanda Bruno, deu ao jornal O Globo sobre inteligência artificial: ela aborda a carta aberta que defende uma pausa no desenvolvimento de ferramentas de IA. Apesar das contradições da publicação, Bruno vê a carta como um convite para desacelerar e promover um debate público sobre o futuro que queremos construir. Ela também alerta para os efeitos das IAs generativas de imagens na desinformação online e defende a adoção do princípio da precaução na indústria de tecnologia, estabelecendo protocolos e princípios para lidar com as incertezas e possíveis consequências das ferramentas tecnológicas…»
“Tudo velho está na moda novamente”
(li por aí enquanto pesquisava para esta edição)
[BÔNUS]
Essa tal Newstalgia
Você já ouviu falar de Newstalgia? É uma tendência que combina elementos nostálgicos com tecnologia e modernidade, trazendo uma sensação de conforto e nostalgia para um ambiente moderno.
Essa tendência tem se manifestado em diferentes áreas, como moda, música e conteúdo digital, e a cultura pop tem um papel importante nessa mistura de elementos do passado com tecnologia atual.
A Newstalgia é uma forma de atualizar o passado e trazê-lo para o presente. E vamos falar sobre ela no primeiro bônus de nossa newsletter.
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