DoBaú#10: Forrest Gump ou Tom Hanks?
Sobre personagens que topamos interpretar na folia ou fora dela
Nota: sim, hoje é sábado de Carnaval e quis trazer uma conversa sobre qual personagem você topa seguir por aí nos outros 360 dias do ano. Se você chegou hoje, deixa eu lembrar: de tempos em tempos, acesso meu acervo pessoal de conteúdo e libero por e-mail algumas peças que envelheceram bem. Este, é de janeiro de 2007.
Já produzo conteúdo há 20 anos na internet de forma que uma vez ou outra, acerto. Este aqui, é bem oportuno em tempos de Inteligência Artificial também. ;)
Fui surpreendido semana passada com um interesse genuíno e inabalável das crianças aqui de casa pelo excelente Forrest Gump (EUA – Robert Zemeckis, 1994). Após um empréstimo na DVDteca do avô, vimos e revimos o filme umas boas três vezes. Aquilo me fez pensar.
De que lado estamos, afinal, em quem nos projetamos em nossa sociedade do quase-nunca, do instantâneo, da ultra-pós-qualquer-coisa: Forrest Gump ou Tom Hanks?
Plot.
Para quem não sabe, (amigos, sempre tem alguém que ainda não sabe e outrem que gosta de contar); o filme conta a história...não, não é isso.
O filme é uma história contada pelo simplório Forest Gump, menino nascido no Alabama que apesar de sua pouca desenvoltura intelectual tem um destino curioso: percorre quase todos os grandes acontecimentos da história recente dos Estados Unidos como uma espécie de protagonista de bastidor.
Conhece Elvis Presley), JFK, Lyndon Johnson, Richard Nixon, luta no Vietnam; é um dos primeiros acionistas da Apple etc. O filme é por si só é excelente, mas traz em sua honestidade outro grande ponto a favor. Estamos sendo convidados a ver o mundo através do olhar e da simplicidade do americano (abaixo da) médio(a). E isso pode ser bonito. Ponto. E fim do plot.
Eu quero ser Tom Hanks...
Hoje, quando consumidores são considerados os novos agenciadores de mídia, onde a personalidade do ano, foi você; onde Youtube é o novo horário sempre-nobre; onde produtores de conteúdo acham que só por estarem produzindo devem levar 5 mil dólares para casa todo mês, rever Forrest Gump, 13 anos depois de sua estréia, funciona como um soco no estômago.
Porque nós, possuidores dos mais variados graus de investidura econômica, social, política, religiosa, sexual, sentimental, familiar e porque não dizer até mesmo profissional; teimamos em ser Tom Hanks? . Acho-o um ator genial, descontando já Davinci Code e Angels&Daemons, o segundo ainda em produção.
Da lista do IMDB ainda devo uma olhada em dois ou três títulos, mas de resto segue inabalável em sua carreira já premiada com cinco indicações e dois Oscars de melhor ator ( o próprio Forrest e o advogado Andrew Backett em Philadelphia. Mas todo estudante do Tablado vai chegar a uma carreira assim?
...mas a internet é um mundo de Forrest Gumps
Este pequeno artigo não é uma apologia ao raciocínio deficitário. A brevidade intelectual não é benefício para ninguém; o despreparo e sinceridade frente aos mais tenebrosos desafios, talvez. Ao revisitar conceitos da Seleção Natural, podemos lembrar que antes até mesmo os mais genuíno talento lutava para ter voz (para o bem ou para o mal).
Ter acesso a meios de produção cultural era privilégio de poucos. Revoluções e Capitalismos depois, os meios de produção cultural foram aos poucos alargando sua influência e capilaridade e ficando mais baratos e instantâneos. Hoje, todos podem produzir. Para onde foi o crivo de nossa Inteligência Coletiva, então?.
Num mundo que todo Gump pode criar seu filme, onde ficam os verdadeiros Tom Hanks?
Destino ou flutuação? (Somente quem tem o caos dentro de si pode dar à luz uma estrela bailarina.)
Uma possível conclusão mora numa das cenas finais do filme. Jenny já respousava sob a árvore de sua infância, Forrest já cuidava da educação do filho e ao visitar o túmulo do tresloucado amor de sua vida, dispara:
I don't know if we each have a destiny, or if we're all just floating around accidental-like on a breeze, but I, I think maybe it's both. Maybe both is happening at the same time.
Talvez a melhor maneira de ser ouvido seja falar só nos momentos certos e só frases fundamentais. Menos Muito Barulho por Nada e mais Assim falou Zaratustra, sabe?
Se vamos ganhar dinheiro com isso. Se vamos mudar o mundo com artigos mais inspirados. Se as contas do mês sumirão. Se os meses passarão mais rápido...
I don´t know. But i´m still running.
Linkania. Acabei fazendo citações demais, coisa que evito. Mas vai aqui um resumo então para auxiliar na leitura:
Elvis Presley – Wikipedia
JFK – Wikipedia
Lyndon Johnson - Wikipedia
Richard Nixon – Wikipedia
Apple – Wikipedia
Pierre Levy) – Wikipedia
Se você ficou sem saber o que é PLOT - Wikipedia
Curtiu este texto mesmo que antiguinho?
A ideia é que tudo o que a gente fale por aqui, possa reverberar em alguma instância de sua jornada criativa. E isso tem a ver com manter o papo ativo. Portanto, se você quiser seguir conversando sobre o tema, me acha lá no no Telegram, ou em nosso servidor no Discord. Recomendo o segundo: