Nota: neste domingo de Carnaval, quando simulamos malandros e heróis, fui olhar meu acervo para refletirmos mais uma vez, sobre os papeis que topamos interpretar por aí. Este, foi publicado por volta de 2006…
Uma das brincadeiras preferidas das crianças lá em casa é pegar os jogos de tabuleiro que temos (ou seja, quase todos do mercado...) e criar uma brincadeira inteiramente nova, formada por cartas de um, dados de outro, tabuleiro de um terceiro que estava esquecido e mais os bonequinhos de um dos meus próprios jogos (ah, empresta aí, pai...), ainda da década de 80.
Acho que muitos de vocês devem ter feito isso algum dia. Mas o que me chamou atenção e me trouxe a idéia do post não foi o fato em si, senão aquilo que ele demonstra para o mundo das idéias sejam elas sobre negócios ou sobre a vida nossa de cada dia.
Ao reunir o “dinheirinho” do Banco Imobiliário, com dados do Detetive, ao tentar encaixar as cartelas do Imagem&Ação com os tanques do War; ou ainda usar as regras do Jogo da Vida para fazer mover as peças do Caça ao Tesouro, enfim; a molecada (13, 6 e 4 anos) não está interessada no final, está interessada no meio. Eu, deixando o adulto invadir este momento, fiquei no canto pensando, meio quietinho:
"Ué, será que eles não vão começar a jogar, não? Estão há quase uma hora tentando criar uma regra!"
Instantaneamente, uma quarta criança invadiu o chão do quarto para me lembrar, soprando no ouvido:
"Ei, estúpido, a brincadeira é CRIAR o JOGO. E não JOGÁ-LO o mais rápido possível".
Sorri resignado, lembrando palavras de empreendedores amigos meus: "Vá lá e faça". Isso de trabalhar no mundo das idéias, tem portanto, seus perigos. Você tem que, desde cedo, escolher de que lado da história prefere ficar. E ao fazer esta escolha, lembrar que:
Primeiro: poucos entendem o que você quer fazer.
Segundo: menos ainda acreditam.
Terceiro: você tem que equilibrar heroicamente a criança que quer criar regras eternamente e o adulto que quer ver os dados correrem.
Quarto: você não sabe se ganha.
Quinto: mesmo achando que você inventou as regras, elas vieram prontas de outras idéias, e muitas não funcionam quando reunidas.
Sexto: é difícil achar bons parceiros para o jogo.
Sétimo: quando os encontrar, não os perca de vista.
Oitavo: É preciso saber perder porque, muitas vezes, é o primeiro passo para aprender a ganhar.
Nono: a vida não é um jogo.
Décimo: é um esporte radical.
Acho que é mais ou menos por aí. Até a próxima!
Curtiu este texto mesmo que antiguinho?
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