👓 O que vamos colocar no rosto na próxima década?
E mais: MrBeast, o maior YouTuber do mundo em maus lençóis
Se você da provável audiência se ligou nas notícias da semana passada, deve ter visto um Zuckerberg tal e qual uma criança envelhecida demonstrando seu novo gadget preferido, Orion, os óculos de realidade aumentada, durante o evento de desenvolvedores da Meta.
Para além de gerar combustível para posts de ocasião, o protótipo coloca em evidência uma guerra silenciosa, mas poderosa, no coração da "plataformização". Com dois simples termos — "sem fios" — Zuckerberg colocou a Apple em alerta e provocou reflexões sobre quem dominará o próximo ecossistema digital.
No contexto da "plataformização", que tem sido estudada criticamente por autores como Shoshana Zuboff e Nick Srnicek, plataformas como Meta e Apple não estão apenas criando produtos, mas construindo infraestruturas que governam nossas interações digitais. Zuckerberg, com o Orion, está sinalizando um futuro onde a Meta pode quebrar sua dependência do "duopólio" Apple-Google e, finalmente, controlar seu próprio ecossistema.
A partir disso, posso levar você para um terreno perigoso no campo da plataformização: a concentração de poder. Zuboff argumenta que a economia de vigilância transformou a tecnologia em uma ferramenta de extração de dados, enquanto Srnicek explora como as plataformas moldam mercados inteiros, acumulando poder de forma invisível.
No caso da Meta, estar à mercê das plataformas móveis de Apple e Google limitou sua capacidade de definir os próprios termos de sua economia digital. O lançamento de um dispositivo de AR como o Orion é um movimento estratégico para recuperar essa autonomia.
A controvérsia dos algoritmos e a batalha pela "Realidade"
Outra questão chave levantada pela apresentação do Orion é o papel dos algoritmos na criação de uma nova camada de realidade. Com os óculos de Zuckerberg prometendo "hologramas sobrepostos ao mundo físico", estamos falando de um dispositivo que, por meio de algoritmos, controla a interface que mediamos com o real. Assim como as plataformas digitais já determinam o que vemos em nossos feeds de redes sociais, agora elas terão o poder de decidir como percebemos o mundo à nossa volta.
Aqui, podemos traçar um paralelo com as críticas de Evgeny Morozov, que alerta para os riscos de confiar cegamente em soluções tecnológicas para problemas sociais.
Se plataformas como a Meta estão moldando a "realidade aumentada", que interesses estão sendo priorizados na construção dessa interface? Quais algoritmos decidirão o que vemos e como interagimos com o mundo? As escolhas da Meta não serão neutras; estarão profundamente entrelaçadas com seu modelo de negócios de extração de dados e publicidade.
Sem fios, mas não sem controle…
A grande inovação que Zuckerberg enfatiza no Orion é sua capacidade de operar "sem fios", ao contrário do Vision Pro da Apple. Este movimento parece libertador, mas não devemos nos enganar: a verdadeira batalha aqui não é pela conveniência física, mas pelo controle digital.
A Meta não quer depender de smartphones ou sistemas operacionais de terceiros, e vê nos óculos de realidade aumentada a chance de criar um novo monopólio tecnológico — um dispositivo que define como vivemos, trabalhamos e nos conectamos.
No entanto, como Srnicek aponta, a história da plataformização nos mostra que sempre há uma troca. Sim, os óculos podem ser "sem fios", mas as amarras invisíveis estarão em seus algoritmos, nas camadas de dados que irão extrair, e no controle sobre o que podemos ou não ver através deles.
Zuckerberg não quer apenas libertar a Meta da Apple, ele quer se tornar a própria plataforma — a lente pela qual enxergamos o mundo.
A reta final: o futuro que usaremos no rosto
Com Apple e Meta competindo por essa nova fronteira digital, resta a nós refletir sobre os impactos mais profundos da plataformização e dos algoritmos em nossas vidas. Se as críticas de Zuboff, Srnicek e Morozov já apontavam para o monopólio invisível das plataformas sobre o que vemos e como interagimos digitalmente, imagine o poder que terão quando puderem literalmente sobrepor suas versões da realidade ao que enxergamos.
A corrida entre Apple e Meta não é apenas sobre vender o próximo dispositivo mais elegante ou inovador. É uma batalha pelo controle sobre a infraestrutura da próxima era digital — onde a realidade aumentada será tão central quanto os smartphones são hoje.
A verdadeira questão não é se os óculos terão fios ou não, mas qual visão de mundo os algoritmos das plataformas permitirão que vejamos.
E você, o que acha?
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[Direto da Fronteira entre Tecnologia, Comunicação e Cultura]
Amor e aventuras: lições de relacionamentos de um nômade digital ao longo de 11 anos de viagens e descobertas
Esta semana esbarrei na história de Cait Charles. Ela vive há 11 anos como nômade digital, já morou em 12 países e visitou mais de 30. Hoje, aos 35 anos, ela divide seu tempo entre o ensino, a escrita e o trabalho em uma eco-comunidade na Tailândia.
Ao longo de sua jornada, Cait buscou um relacionamento duradouro, mas sempre encontrou mais desafios do que respostas definitivas. Em cada experiência, no entanto, ela encontrou lições valiosas, que refletem não só sobre o amor, mas sobre a fluidez criativa que a vida nômade traz.
Uma dessas lições é evitar o apego prematuro. Em um curso de budismo no Nepal, Cait rapidamente se apegou a um relacionamento, contrariando o princípio budista de desapego. Essa experiência lhe ensinou que grandes planos, sem bases sólidas, tendem a desmoronar.
Outra lição importante foi transformar conexões que não deram certo em amizades. Durante a pandemia, ela conheceu Moishe, um companheiro nômade, e embora o relacionamento não tenha avançado, ambos construíram uma sólida rede de amigos globais.
Por fim, Cait aprendeu a confiar no próprio instinto. Em uma viagem à Flórida, envolveu-se em um relacionamento que já sabia, desde o início, que não iria funcionar. Aprender a desapegar de expectativas irreais a fez mais consciente de que as melhores decisões vêm de dentro.
Assim como o nomadismo digital, que demanda flexibilidade e adaptabilidade, a jornada criativa no século XXI também se caracteriza pela fluidez de ideias. Cait compreendeu que, tanto na vida quanto na criatividade, o fluxo natural deve ser seguido sem apego, permitindo que a criação e as conexões surjam sem pressa ou forçadas expectativas. Afinal, a verdadeira inovação, assim como o amor, não se constrói com pressa, mas com paciência e leveza no processo.
Sabe por que trouxe essa história? Faz um mês que o X saiu do ar. E a vida seguiu.
E aí vem a pergunta:
Você já parou para pensar o quão nômade você é em suas ferramentas de interação hoje em dia?
Biscotinhos para a provável audiência em clima de edição ensaística
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Muito bom. Eu confesso que sou um pouco cético com relação às plataformas imersivas terem essa influência toda. Mesmo AR. Acho muito disperso competir com o mundo real numa virada de olho. Por isso não sei se o plano de Mark terá esse impacto que ele parece querer.