🗯️ Os protagonistas somos nozes
Um ensaio com cara de newsletter sobre a importância de nos conectarmos com os contemporâneos. E mais: repertório sobre felicidade e indústria musical. Versátil, ele.
Sempre fui fascinado pela narrativa que pessoas icônicas sabem criar ao redor de si. Seja pela estranheza que provocam no senso comum, por seus legados, pelos momentos “God mode” que artistas, atletas e demais seres-humanos fora da curva alcançam em seus feitos mais memoráveis.
Não é fácil sair do meio da fila, sabe? Mais difícil ainda é quase encostar na genialidade e não interagir com ela, não valorizar o fato de ser contemporâneo de pessoas que vivem em outra vibração.
Então, vou dedicar esta edição a testemunhar alguns dos perfis que chamaram a minha atenção em minha rotina de curadoria semanal. A ideia é seguir na toada da busca eterna pela fronteira entre tecnologia, comunicação e cultura e, em meio a esse rio de informações, conseguir pescar quem tentou fazer a diferença.
Vem comigo na leitura e nos comentários.
Ah, e gostaria muito que, se possível, você indicasse para 10 amigos este projeto aqui. Posso contar com essa ajuda?
O projeto mauroamaral.com está aqui no Substack toda semana, mas continua em um grupo do Telegram, um canal no Instagram, outro no Whatsap e um servidor do Discord.
[PLAY] → Queria ser patrocinado em Florença em 1480.
Precisamos falar sobre Tanya Reynolds em Decameron
Você provavelmente viu as temporadas de SexEducation vibrando (ops) com a jornada de anti-herói do Otis (Asa Butterfield), ou ainda com a presença sempre brilhante do Ncuti Gatwa como Eric Effiong - aliás, fica a dica dentro da dica: assistam o Ncuti como o Doctor Who da Disney+.
Mas, para além desses, uma personagem que me cativou desde o primeiro dia foi a Lily Iglehart, interpretada pela Tanya Reynolds. Excêntrica, fora do tempo, fã de ficção científica em uma rotina diária de descoberta de sua própria sexualidade, que sublima em contos eróticos espaciais, a Lily da Tanya Reynolds é um presente e tanto em meio a uma série que também tem grande momentos. Mais na primeira do que nas demais temporadas, diga-se.
Ela abre essa edição dedicada aos contemporâneos com essa “iconizisse” não só por seus momentos tocando clarinete, mas por seu novo papel na série que maratonei no último final de semana. A releitura de Decameron.
"O Decameron" estreou na Netflix recentemente e é livremente baseado na coleção de contos curtos de Giovanni Boccaccio, ambientada durante a Peste Negra. A série, dirigida por Kathleen Jordan, retrata um grupo de personagens, tanto nobres quanto servos, que se refugiam em uma vila no campo italiano para escapar da praga.
A showrunner da série, revelou ao The Hollywood Reporter que se inspirou nas experiências globais durante a pandemia de COVID-19 para adaptar a narrativa de Boccaccio a uma audiência moderna. Ela queria destacar que, na realidade, nem tudo estava bem naquele período, algo que ressoou fortemente com o que vivemos em 2020. Quem passou pela pandemia lembra das lives e reuniões feitas da casa de campo de alguns parceiros de negócio, não?
Além desse fato a série segue a receita atual de mixar tempos e eras, com trilha sonora moderna e piadas mais conectadas com o tempo atual do que a Florença do século XII.
A Licisca concentra a persona de protagonista, em sua jornada de mudança e me chamou atenção desde as primeiras cenas. Não só pela direção de arte primorosa mas igualmente por aquele sentimento de "onde já vi essa menina, gente?”
Isso foi acontecendo ao longo dos dois primeiros episódios, desde as primeiras cenas com aquele olhar de assombro pelo mundo, como uma eterna alienígena de sua própria geração. E estava lá, a Lily de Sexeducation em suas dúvidas e falta de adaptação aos espaços, tempos e movimentos em que parece não querer vier.
E foi nesse momento que Tanya Reynolds consquistou seu lugar na abertura desta edição.
Faça um favor para o seu próprio final de semana: vá atrás da interpretação da atriz britânica formada pela Oxford School of Drama para um dos maiores clássicos da literatura de todos os tempos.
Ou, use flores no nariz.
[READ] → Na, na, na, na, naaaaa
O maior discípulo quase vivo de Ronaldinho Gaúcho
Outro que não poderia deixar passar é o Snoop Dogg. O músico americano tornou-se um dos rostos mais associados às Olimpíadas de 2024, que acabaram de acabar. Sempre que rolava um atleta americano competindo em Paris, estava lá uma câmera pronta para captar o rapper torcendo nas arquibancadas.
Visto dançando com a equipe de ginástica feminina dos EUA, vestindo trajes equestres para apoiar cavaleiros americanos e até mesmo experimentando habilidades de judô, a empolgação de Snoop Dogg trouxe uma nova energia aos Jogos Olímpicos que cativou espectadores em Paris e na internet, resultando em alta audiência, segundo dados da NBC.
Ele levou sua função a outro nível, tornando-se um verdadeiro torcedor dos atletas americanos, independentemente do esporte. Snoop Dogg foi um dos últimos condutores da tocha olímpica antes da cerimônia de abertura, carregando-a pelas ruas de Saint-Denis, no norte de Paris, casa do Stade de France.
Apesar de seu papel de correspondente especial e a condução da tocha terem sido anunciados, a presença constante e a alta energia de Snoop Dogg para apoiar os atletas americanos foram uma surpresa especial para os espectadores.
A narrativa se completou com seu show na festa de encerramento, direto de Los Angeles, que se apresentava como a próxima sede.
Molly Solomon, produtora executiva das Olimpíadas pela NBC, descreveu-o como um "embaixador da felicidade".
Guardem isso: receita de felicidade.
(bom, até sabemos qual é um dos ingredientes da receita do Snoop Dogg. Mas deixa baixo…)
[PLAY] → Querido diário
Luiz Telles e o mundo filtrado por diários analógicos
Desde 2019 troco figurinhas com um personagem único no mundo da publicidade: o stortyteller mor da comunicação no Brasil, Luiz Telles. É sempre oportunidade para aprender e testemunhar o seu estar no mundo. (aliás, ele está por aqui no arroba
)Desta vez estou aqui para apresentar seu mais recente projeto. Cujo vídeo fala por si. Mas fala em inglês, então, abaixo dele, vai o pedido.
A ideia é levar seu projeto sobre Diários Analógicos como forma de interpretar o mundo para o próximo SXSW. Para isso, precisamos votar, pois a votação popular conta bastante. Só clicar - rápido - no botão. É só até o dia 18 de agosto!
[READ] → Bob Marley é maior do que Bob Dylan
E quando o protagonismo é negado pela própria vida?
Para fechar essa edição com cara de CPF (ou Social Security Number…) tem o estranho caso da Connie Converse, do Musick Group que surgiu para mim nas pesquisas esta semana. Ela desapareceu em 1974, uma semana após seu 50º aniversário. Nos anos 1950, ela não encontrou fama como cantora e compositora e desapareceu misteriosamente. Quase 50 anos após seu desaparecimento, é lembrada como um talento perdido.
Me chamou atenção aquilo que falei na abertura: a sorte de ser contemporânea de gente histórica. Com Connie foi algo meio fora da rota. Em janeiro de 1961, Bob Dylan chegou a Greenwich Village, pronto para revolucionar a música. Converse deixou Nova York naquele mesmo mês, após uma década sem reconhecimento para suas canções íntimas e sofisticadas. Teriam se encontrado? Não sabemos.
Em um universo paralelo, ela teria se tornado famosa, como sugere o livro "How To Become Famous", que a imagina influenciando artistas como Bob Dylan e Taylor Swift. Sua música teve lançamento comercial apenas em 2009. O biógrafo Howard Fishman acredita que ela poderia ter sido famosa. Cass Sunstein, autor do livro, admite que Converse não era melhor que Dylan, e ela enfrentou barreiras por ser mulher.
Suas músicas melancólicas tratavam de solidão e amores difíceis. A cantora Vashti Bunyan se tornou fã após ouvir suas canções em 2004 e reconheceu que ela estava à frente de seu tempo. Converse fez gravações caseiras e se apresentou para pequenos grupos, mas nunca fez um show oficial.
Converse trabalhava em uma empresa de impressão e depois no Instituto de Relações do Pacífico. Em 1974, enviou cartas dizendo que voltaria para Nova York, mas desapareceu sem deixar rastros. Nem seu corpo nem seu carro foram encontrados.
A mensagem que fica: valorize seus contemporâneos, ofereça apoio, estimule seu crescimento porque nunca se sabe.
[READ] → Uma newsletter sobre conteúdo? Sim.
Já assinou conteudo.substack.com?
O primeiro dia da semana útil, você sabe, deveria ser reservado para ler a news que fala da indústria do conteúdo aqui no Sub. Não sabia? Agora tá sabendo.
A ideia, vale reforçar, é reunir em uma comunidade vocativa e participativa aqueles que contratam projetos de conteúdo e quem curte produzir e viver de sua arte de contar histórias.
Para assinar, é só clicar no banner (clicar no Banner, aliás, cala fundo sobre o tema de abertura desta semana)
[PLAY] → Don't worry
Alguns fatos científicos sobre como cultivar o contentamento e felicidade ao longo da vida.
Em um mundo obcecado pela busca da felicidade, muitas vezes perseguimos metas ilusórias, acreditando que a próxima grande conquista ou compra nos trará contentamento duradouro.
Mas e se tudo o que pensávamos sobre a felicidade estivesse errado? E se a chave para a verdadeira felicidade residisse na nossa notável capacidade de encontrar alegria no que já temos? Essa é a premissa revolucionária explorada pelo psicólogo de Harvard Dan Gilbert em sua palestra no TED, "A Surpreendente Ciência da Felicidade".
Fica aí o convite para você embarcar nesta jornada pelo fascinante território da mente humana, explorando os mecanismos ocultos que moldam nossa felicidade e desvendando os segredos do que Gilbert chama de "felicidade sintética".
Como você tem coragem de indicar um conteúdo de 12 anos atrás, Mauro?
Não só tenho como ainda sintetizei em 10 dicas úteis para se ter para a vida.
O cérebro humano evoluiu significativamente, permitindo "viajar mentalmente no tempo".
Tendemos a superestimar o impacto emocional de eventos futuros.
Possuímos um sistema imunológico psicológico que nos ajuda a adaptar a circunstâncias desafiadoras.
A felicidade pode ser natural (quando conseguimos o que queremos) ou sintética (quando não conseguimos).
Muitas opções podem reduzir a satisfação; decisões irreversíveis frequentemente trazem mais contentamento.
Comprometimentos irreversíveis, como casamento ou filhos, tendem a gerar mais felicidade.
A felicidade verdadeira depende da nossa habilidade interna de criar contentamento, não apenas das circunstâncias externas.
Pratique gratidão e autocompaixão, e cultive relacionamentos significativos.
Reduza opções e reinterprete contratempos como oportunidades de aprendizagem.
Estabeleça metas intrínsecas e engaje-se em atividades que proporcionem um estado de fluxo.
Ser feliz é o que importa. Seja grato que ela vem! Mesmo que demore.
Sinapse: não é sobre substituir é sobre acelerar
E por falar em ser feliz, como no vídeo acima do Dan Gilbert, deixei esse bloquinho quase no final para falar do motor por trás das duas newsletters que toco por aqui. E cujos resultados me fazem grato…
A Sinapse é uma metodologia / plataforma no-code que desenvolvi para unir Inteligência Artificial e Automação a serviço de produção e gestão de conteúdo.
Eu montei um vídeo explicando todo o potencial, processo e ferramentas que uso para a magia acontecer.
Biscoitinhos para a provável audiência de onde, com certeza, brotam pessoas tão relevantes - ou pelo menos curiosas - como as que trouxe hoje
🔮 Os Melhores Filmes de Ficção Científica de 2024 | Descubra os filmes de ficção científica mais imperdíveis de 2024, com opções que vão desde épicas space operas como Rebel Moon: Chalice of Blood até dramas futuristas como The Beast. A lista inclui grandes sucessos e joias menores, como Alienoid: Return to the Future e Dune: Part Two. A seleção é do site Polygon →
🔬 Surto de Febre do Vale em Festival da Califórnia | Mais de 20.000 participantes do festival Lightning in a Bottle na Califórnia podem ter sido expostos a uma perigosa doença fúngica chamada febre do vale. A doença é causada pelo fungo Coccidioides, que cresce no solo e na lama. Embora a maioria das pessoas exposta não desenvolva sintomas graves, a doença pode ser severa para pessoas com imunidade comprometida. O Departamento de Saúde Pública da Califórnia está investigando os casos e recomenda que os participantes compartilhem informações sobre qualquer sintoma no site oficial →
🎵 A Revolução da Pirataria Musical e o Surgimento do Streaming | O documentário How Music Got Free explora como a pirataria musical desafiou a indústria e transformou o mercado. Nos anos 1990 e 2000, a pirataria, impulsionada por figuras como Bennie Lydell Glover, impactou gravadoras e forçou uma mudança para o streaming. O documentário destaca a reação das gravadoras e como o streaming surgiu como um meio de equilibrar o mercado, oferecendo aos consumidores acesso ilimitado e a artistas novas oportunidades →
💭 A Filosofia do Burning Man e Sua Influência Cultural | A filosofia do Burning Man não é apenas um adorno para a festa; ela molda a cultura que o evento inspira. Ao integrar princípios do Burning Man em atividades comunitárias e em outros aspectos da vida, participantes aplicam essa filosofia em ações práticas. Compreender a filosofia não é essencial para se divertir no evento, mas é crucial para aqueles que querem expandir os ideais do Burning Man além do festival. Achou viagem? Vem entender →
Fica, vai ter livro
Vamos começar com o próprio Decameron
A obra-prima de Giovanni Boccaccio, você sabe, moldou o conto ficcional. Esta edição especial da Cosac Naify celebra os 700 anos do autor com uma seleção de dez novelas, traduzidas por Maurício Santana Dias e enriquecidas pelas ilustrações de Alex Cerveny. Explore narrativas que sobreviveram ao tempo e deixe-se envolver por uma tradição literária que continua a fascinar.
E já que falamos em dicas de felicidade, que tal o Happycracy?
A análise incisiva de Edgar Cabanas e Eva Illouz sobre a psicologia positiva e sua influência na nossa concepção de felicidade vai fazer você pensar. Em sua crítica robusta, os autores desvendam como a ideia de que a felicidade é um objetivo alcançável por força de vontade não apenas ignora a complexidade da experiência humana, mas também alimenta uma cultura neoliberal que transforma indivíduos em empresas autogeridas.
Deixo aqui atrasadíssimo o meu agradecimento por divulgar o link par votação!!! Obrigadissimo!
Bom reconectar contigo e teus escritos Mauro! Vou tomar um tempo para estudar o Sinapse.