Quando eu estava em busca de um "Profissional interface". [sexta-republicada#4]
Nota do escriba: se você está sempre por aqui, lembra que de quando em vez uso a sexta-feira para republicar algum artigo do acervo que acumulo desde 2003.
O de hoje, foi escrito, no meio de 2005, época em que eu era editor em um grande portal/intranet na maior empresa estatal deste país varonil. Tempos idos em que eu debatia meus tentáculos de ser multi-interessado em um ambiente ultra-corporativo e mais lento. Calculem.
Pois bem. Dentre as válvulas de escape, comecei a sistematizar a publicação de artigos e entrevistas no meu blog da época, o Carreirasolo.org. Por lá, entre outras coisas, dava dicas para profissionais de comunicação que, como eu, faziam seus freelas em paralelo às suas atividades “CLT"zísticas.
Não existia ainda a contemconteudo.com, nem meu podcast pessoal, que você pode ouvir aqui. Mas existia alguma coisa que está por aqui hoje, motivo pelo qual escolhi o artigo para a edição que você começa a ler agora.
O artigo de hoje expõe algumas coisas interessantes:
Comunidade: as pessoas comentavam nos blogs, a gente travada diálogos e troca de ideias super positivas e construtivas. Sabe tudo o que a W3 tá prometendo? Já existia no começo.
Das dores de ser antena: Eu sempre foi um predador onívoro de todo tipo de informação. Com o tempo e alguma técnica, isso faz você enxergar alguns movimentos antes dos outros. Pois bem: nesta época eu já estava discutindo INFODEMIAs e BURNOUTs. Talvez já estivesse sentindo algo no ar, não sei.
Que hoje já deu uma cansada. O fato é que ser assim, cansa. Porque, no geral, você entender o que está vindo, avisa e ninguém ouve. A pensar em como lidar com isso daqui pra frente.
Formatos: eu curtia criar séries de artigos. Essa fez sucesso na época, com gente enviando e-mail cobrando os próximos capítulos e tudo
Caras-de-pau: Eu tinha um quê de fechar os artigos com frases de efeito. Shame on me.
É isso. Curtam! E se é sua primeira vez por aqui, faça o favor de assinar no botão abaixo, combinado?
Já escrevemos algumas linhas interessantes sobre o assunto, ao longo das últimas semanas, vocês leram? Em resumo, podemos dizer que somos, todos, independentemente de raça, nível social ou orientação religiosa, submetidos a TARADOBYTES de informação todos os dias.
Esta superexposição matou nosso tempo – ao contrário do que os apóstolos do ócio criativo nos contavam no final da década de 90 - , desintegrou a qualidade de vida de profissionais dos mais variados setores e, pasmem, força a nos pensar até mesmo num processo lento e gradual de desconexão, necessário, para manter nossa sanidade frente a este cenário peculiar.
Vimos também que a própria busca por soluções, ao ser desenvolvida dentro da Web, produz mais informação, num ciclo nada virtuoso rumo à inércia, a entropia total. Disse a DaniCast que esta discussão é antiga, antiga demais até. Lembrem-se: a superexposição é um fato há muito registrado, mudaram, contudo, os paradigmas: o que antes apenas se consumia em excesso, hoje se produz em excesso. Somos bombas potenciais. Coquetéis molotovs de fotos, vídeos, textos, planilhas, senhas, log´s, buscas no Google e perfis de Orkut.
Quando direcionamos nosso foco para o ambiente de empresas e escritórios, acabei lembrando de uma tendência que me desagrada muito, pois a vivo diariamente: cada vez mais gente tem menos acesso a mais coisa. Amedrontados com a facilidade de dispersão de seus profissionais, os senhores da informação criam barreiras para tudo, agindo num mundo semelhante ao da contra-propaganda de guerra. Lançaram uma nova rede social? Em três dias ela estará bloqueada em sua estação de trabalho. Um site de seu amigo colocou palavras de baixo calão no tittle da página para atrair a atenção do Google? Estará bloqueado também. E por aí vai.
Aliás, por aí não vai a lugar nenhum. Porque sem acesso a informação o profissional vai viver de respirar o gás-carbônico empresarial. Sem oxigênio, vai ficar mais lento. Sem estímulo vai se imobilizar. O desafio corporativo, como falei anteriormente, é descobrir o profissional que funcionará como a interface entre o caos da informação e as necessidades de cada local de trabalho.
Segurem o arrepio na espinha, nem tudo são flores nem tão pouco espinhos.
Este profissional, de repente, já existe.
Imaginemos um caso corriqueiro: um Editor de Portal Corporativo. Para quem ainda não sabe, é um trabalho que tem características estratégicas e operacionais em igual proporção. Pode-se estar em uma reunião com a alta administração, pela manhã, conhecendo o plano estratégico para 10 anos.
E à tarde, na frente do micro, criando pequenos banners e editando um texto para uma área de quarto nível em alguma gerência lá na Amazônia...isso sem deixar de, ao final do dia, sentar-se com um fornecedor, para conhecer o layout do mais novo hotsite solicitado. Ou seja: este profissional colheu um briefing, exercitou ser lado webwriter e ainda fez o papel de cliente/gerente de projeto num dia só. Em todos os casos, e isso não é diferencial desta atividade, uma considerável quantidade de informações foi produzida.
Aqueles que são mais atentos já perceberam que, ao se resumir a esta atividade, serão tragados rapidamente por eras e eras de hierarquias, de cultura interna, de barreiras.
Hoje, um Editor de Portal deve ser um pouquinho mais. Aos esbaforidos deve levar calma; aos detalhistas, visão panorâmica; aos generalistas, atenção e foco; aos estressados, um chá na máquina do corredor; aos fornecedores, um pouco de paciência com processos pouco ágeis. E por aí vai.
E aí vai mesmo. O Profissional Interface, ouso dizer, terá um diferencial poderoso em suas mãos. O tempo é o de conter a necessidade e a voracidade por produzir e consumir informação. Restaurar o equilíbrio do ambiente sob sua responsabilidade, filtrando o caos dos desmandos e deixando passar para o público uma suave e fluida experiência de conhecimento e compartilhamento. Aos esperançosos, um aviso: vocês raramente vão conseguir.
A interface perfeita será a ponte entre a necessidade existente e já percebida pela empresa e sua recusa em admitir isso. Assunto para um próximo artigo. Nele vamos apontar alguns exemplos que já estão pipocando na Web e fora dela.
Enquanto isso, alguém conhece um profissional que já trabalhe assim? Aguardo os exemplos.
</>
Artigo originalmente publicado no blog Carreirasolo.org em maio de 2005.
Antes de ir, o pedido da semana continua
Reforçando a ideia: queria fazer esse pedido especial, qual seja, de você, um dos integrantes de minha provável audiência, dar uma avaliada no que estou propondo para a minha produtora em 2022.
É para ir lá e mandar suas sugestões como resposta a este e-mail, ou como comentário se você estiver nos lendo no Substack.
Só para você entender:
Nosso primeiro produto é o de Estratégia e Planejamento de conteúdo para projetos de comunicação digital, envolvendo toda a jornada a avaliação de territórios até a criação da voz para a sua marca
Como segunda entrega, temos a nossa Fábrica de Conteúdo, que tem metodologia desenvolvida a partir de 10 anos atendendo as maiores marcas de e-commerce do país. Por lá coordeno equipes montadas por projeto. E ainda tem um e-book sobre essa metodologia para você ler, o Alto Volume.
A terceira entrega e a que mais atuamos em 2020/2021, são as narrativas em áudio. Produzimos podcasts para o Rock in Rio Humanorama, o BioParque do Rio e a Localiza Meoo. Também aqui pensamos em uma forma diferenciada de trabalhar, resumida nesta página, com um webinar e apresentação sobre nosso jeitinho de produzir podcasts.
Uma mudança importante: anexei de vez esta newsletter a base dos assinantes da própria produtora, de forma que ela passa a ser um de nossos biscoitinhos para a audiência. Nada muda em essência. Mas alguma coisa muda.
Estamos combinados?