Quem tem opinião tem tudo menos razão?
Um guru passa desta para melhor e Twitter mostra o seu pior
Acordo na manhã de fechar a edição desta newsletter com uma comemoração estranha no Twitter, essa rede que insiste, insiste e, por isso, persiste. Celebram o passamento, por COVID-19, do guru de quem aí está e sobre quem só nos resta esperar que se vá também. Pelo menos do púlpito.
Mas acho estranho. Porque aqueles que temos o compromisso de contestar, em sendo tão estapafúrdios em suas declarações e formas de se estar no mundo, merecem justamente o oposto de seu descontrole habitual e calculado.
Eu pensei bastante antes de começar este e-mail, porque ele será um pouquinho mais curto essa semana, um pouco mais assoberbada do que o normal, mas, vá lá. Em uma frase:
Não é porque você tem opinião que você tem razão.
Mas isso você já sabia, né? Você fala isso para todo mundo quando pratica o nosso esporte preferido: falar da barafunda da qual nos metemos. O que eu queria trazer e colocar aqui é que esse conceito é tão importante que vale para todos.
Inclusive para quem, eventualmente tem mais razão do que a média. Inclusive para quem baseia suas falas em pensamento científico e provas reais, inclusive para quem segue na cruzada contra a desinformação, inclusive para quem é de esquerda, de centro e dos extremos.
Assumir um conceito como universal é estar pronto para vivê-lo todos os dias, sabe? É questão de integridade, de compromisso com o que se acredita e, na falta de outros sinônimos, do legado que queira deixar para seu futuro que, caso não tenha percebido, ficará durante algum tempo registrado nas timelines que você frequenta.
Quero ouvir você sobre isso e para isso reservei o espaço dos comentários neste e-mail. É só seguir o botão laranja:
Quem sabe agora o vídeo decola?
Já é uma piada interna (tão interna que é só de mim para comigo mesmo) de que estou há quatro anos testando uma presença em vídeo. Publiquei alguns vídeos como este sobre uma série de TV que retrata o Brasil Império, este outro sobre um apanhado de referências e mais uma infinidade de testes e tentativas.
Mas o fato é que, como falo aqui DESDE 2018, eu eu algoritmos não travamos uma boa relação. Até por isso, concentrei toda a minha presença digital aqui.
Dito isso e já querendo entender por onde vamos, uma novidade: este ambiente todo diferenciado e novo que tenho frequentado está flertando com vídeo, vejam só vocês.
Sim, o Substack será uma plataforma que reúne texto, áudio e vídeo, com entrega próxima de 100% e monetizável. A notícia saiu ontem no blog da plataforma e promete experiências interessantes.
Eu estou me preparando aqui para entrevistar uma galera e trazer pensamentos como esses sobre a tríplice fronteira entre tecnologia, comunicação e cultura.
Você topa?
Quem tem opinião tem tudo menos razão?
Mauro, ser a favor da vida, da ciência e dos direitos humanos significa, também, ficar feliz quando o guru da morte, da desinformação e da desigualdade morre. A integridade e o compromisso com que acreditamos não exclui as comemorações naturais ao ser humano quando vencemos uma doença (é o caso).
Todos os nossos atos nas redes tem consequências. Comemorar a morte do OdC é, apenas, para além de um deleite pedestre, oferecer armas ao adversário, de graça. Muito melhor se lançar a essas trivialidades catárticas no privado, com amigos e amigas que pensem igual ao invés de oferecer coesão gratuita para o outro lado.