VibeCoding e VibeMarketing. Que onda é essa?
Uma intenção na cabeça e alguns LLMs na mão: parece ser tudo o que se precisa. Mas, será que é tudo isso mesmo? Vamos juntos entender qual o limite da vibezisse?
Antes, um recado: tenho levantado estas discussões em tempo real várias e várias vezes por dia em minha conta do Threads. Segue lá!
Não raro, nas leituras ou salvamentos-para-ler-depois que iniciam meu dia de guerreirinho do conteúdo, tem aparecido uma expressão que almeja batizar um movimento nascente. É o Vibe-alguma-coisa.
Em sua variação mais imediata e a que tenho visto mais aparecer, temos o VibeCoding que já tem uma startup liderando o espaço, a Lovable. Curioso mesmo foi descobrir que a expressão já tem até uma versão PPT, da galera que curte pesquisa, dados e planejamentos, chamada VibeMarketing. Ou seja: é um movimento em ascensão, que mora na tríplice fronteira entre tecnologia, comunicação e cultura e, por isso, veio morar aqui nesta edição também.
Para resumir, essaVibe-alguma-coisa é a forma de chamar um certo tipo de delegação de responsabilidade (bem perigosa) dos tempos atuais. Nela, você começa com um rascunho de ideia ou intenção e tudo o que precisa para ir adiante é de uma boa série de prompts.
OU SEJA: PASSA PARA AS I.As GENERATIVAS FAZEREM TODO O TRABALHO.
Assim, temos que:
VibeCoding é sobre saber pouco ou não saber nada de codar e ir navegando por plataformas no-code, criando prompts com o seu desejo de como determinada funcionalidade ou apps inteiros se comportariam. E, voi-lá, terceirizar a intenção para que padrões generativos o façam.
Você bate o escanteio, corre para a pequena área e cabeceia para o gol.
VibeMarketing, por sua vez, bebe da mesma fonte: ter uma vaga ideia do que se precisa, uma fonte de informação secundária ou terciária, rodar alguns prompts e pesquisas aprofundadas e…ta-dam!… ter um planejamento de marketing pronto como resposta.
Você saca, recebe, levanta e pula para cortar.
E veja, não acho que a questão-problema, aquela que motivou o tema da semana , sequer é esta uber-terceirização.
Para mim, o conceito peca pelo modelo onde está inserido e na origem dos dados que treinamos e seguiremos treinando para que tais milagres modernos sejam possíveis.
É, acho que estou um pouco técnico demais. Vou me aprofundar abaixo. Mas, se você já quiser opinar, solta a letra aí nos comentários.
Vibecoding: aquele que iria (ou vai) mudar a programação para sempre (ou para essa semana)
Recentemente, foi notícia do SlashDot, uma rodada de investimento bem pitoresca: um jovem de 21 anos levantou $500.000 para a sua startup com a famosa aceleradora Y Combinator demonstrando sua ideia a partir de um protótipo desenvolvido utilizando a abordagem VibeCoding.
Mas o que exatamente é VibeCoding? Esta prática refere-se a um estilo de programação mais intuitivo e menos formal, que se baseia na criatividade e no feeling do programador, em vez de aderir rigidamente a regras e padrões tradicionais de programação.
Em entrevista a NPR - a rádio pública americana - , Tom Blomfield, sócio da Y Combinator, destacou que esta técnica está atraindo a atenção não apenas pela sua informalidade, mas também pela sua capacidade de proporcionar soluções inovadoras em um tempo menor. Ainda assim, Blomfield reconhece que, para muitos, pode parecer uma prática arriscada ou até mesmo ineficaz a longo prazo.
Adam Resnick, gerente de pesquisa da empresa de consultoria tecnológica IDC, fornece um contraponto significativo à narrativa. Ele observa que a maioria dos desenvolvedores hoje está usando ferramentas de inteligência artificial (IA) de alguma forma em seus processos de desenvolvimento.
No entanto, ele aponta uma limitação importante dessas ferramentas: uma alta porcentagem do código gerado por IA ainda requer curadoria e revisão substancial por programadores experientes, um papel que, segundo ele, a IA ainda não consegue desempenhar totalmente.
O consenso de especialistas como Resnick é claro: as capacidades da IA, ainda que avançadas, não conseguiram substituir completamente a intuição e o julgamento humano no desenvolvimento de software. Isso coloca os engenheiros e programadores humanos em um papel crucial e insubstituível no cenário atual.
Para seu contexto:
1. A queridinha deste movimento, a Lovable, plataforma que usa copilotos de IA para ajudar a programar, foi recentemente avaliada em 2 Bilhões de Dólares.2. Um dos pioneiros do movimento VibeCoding chama-se René Turcios auto-proclamado o Rei dos Hackatons.
3. O termo VibeCoding foi criado/cunhado por Andrej Karpathy, aqui.
Tempo até alguém de marketing kibar adaptar o termo: 3.2seg.
Sim, é claro que os coleguinhas do PPT e do Keynote (#TeamKey!) iriam embarcar nessa. O conceito de VibeMarketing nasce na mesma esteira e tem como ideia central permitir que profissionais de marketing definam intenções e resultados desejados, enquanto sua plataforma de inteligência artificial preferida cuida da execução técnica.
Apenas para registro: a minha preferida é o Claude.
Este modelo promete não apenas agilidade, mas também uma abordagem mais centrada no usuário, potencialmente transformando a forma como as campanhas publicitárias são planejadas e implementadas.
Nesta visão, os profissionais de marketing, ainda que suas funções tenham evoluído, continuam a ser curadores e estrategistas, focando na "vibe" da campanha, enquanto a IA gera o roteiro completo. Essa mudança de paradigma exige que os profissionais se adaptem e se tornem proficientes na utilização de novas tecnologias.
E é aqui que é importante atentar para a não-simplicidade da abordagem. Como este interessante post do Inc.com nos lembra, adaptar sua entrega para este paradigma envolve desenvolver e treinar um exército de agentes, cada um com a sua função, conhcer plataformas de automação e incluir rotinas de revisão humana em algumas etapas.
Ou seja: não tem a ver com digitar um prompt de dois parágrafos e achar que do outro lado terá a campanha completa, sabe?
Para a sua ilustração
4. Make.com e n8n.io são hoje os frameworks mais acessíveis para quem deseja começar a criar automações.
5. Tenho alguns agentes que podem ajudar na tarefa. Separei este aqui que resume reports. Usem aí e me falem se curtiram!
Acho interessante até aqui? Considere espalhar a palavra!
Ok, Mauro, qual é o problema que você viu na estética Vibe?
Levantei essa bola aqui nesta thread e achei que valeria debater com a turma que me segue aqui também. Uma crítica possível a essa Vibeness toda é que modelos de inteligência artificial generativa precisam de dados para serem treinados.
Até agora, ou pelo menos até o ano passado, estes dados eram reais. Para resumir, estou falando, basicamente, as nossas pegadas digitais desde o começo da internet comercial, ali pelo meio dos anos 90. Grandes modelos consumiram todo esse conteúdo para serem treinados. Só que esse conteúdo, rareou.
Importante você saber: a grossíssimo modo existem dois momentos de evolução de um padrão de LLM: o pré-treinamento e o pós-treinamento. Recentemente, modelos da série O da OpenAi, por exemplo, aprimoraram seu pós-treinamento, ou aprendizado por reforço e em cadeia, como você pode ler melhor explicado aqui nesta matéria da ArsTechica.
Para que os modelos sigam evoluindo uma forma de seguir treinando é justamente criando dados sintéticos. Ou, em bom português, se antes treinávamos as IAs com o conteúdo criado por nós, agora fazemos com conteúdo criado por elas mesmas. Sim, vai dar merda.
E é aqui para mim que nasce a questão central que derruba pelo menos por enquanto a essência do modelo Vibe de ser: como depender de inferências que não respiram oxigênio novo?
Vamos delegar nossas melhores ideias a processos pouco inovadores? E com isso gerar conteúdo que sera fonte de treinamento para o próximo coleguinha que desejar vibe-coisear-alguma-coisa?
Essa conta não fecha sabe?
Biscoitinhos feitos em fogão de lenha enquanto se lê um livro de papel:
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