Vivemos todos nós o nosso tempo
E somos impactados por ele: eleição do Trump, I.As precarização do trabalho... todos nós. Não há quem não sinta e nem quem possa direcionar melhor ou pior. Simples assim.
Chego cedo à padaria do bairro em dia de semana normal, naquela fronteira entre sono interrompido e agenda profissional já demandando, pego os pães ainda quentes, vou para a fila ainda fria.
O cliente a minha frente troca o que à distância parecem amenidades com a gerente e - às vezes - caixa do estabelecimento. Digo que parecem amenos os comentários à distância por que ao final, pego uma sequência de frases reveladora:
Ela: “Antigamente eles vinham aqui, agora temos que controlar cada item e fazer pedidos em sites. Os vendedores das marcas sumiram”
O cliente na minha frente: “É a dinâmica do tempo, não é, senhora?"
Ela: "Não…”- faz isso fazendo uma linha reta e horizontal com dedo indicador, como um Jedi e seu Force Push - “…é a inteligência artificial. Ela vai tomar TODOS OS POSTOS DE TRABALHO EM POUCO TEMPO”.
Tenho que segurar a minha vontade de dizer algo como "Você me concede uma entrevista AGORA sobre os impactos que sente em sua rotina de trabalho com o surgimento das IAs?" pois pães ainda quentes e demandas gritando no celular.
E faço o caminho de cinco minutos a pé tentando processar tudo aquilo.
O fato é que arrogantes que somos partimos do princípio que por morar na tríplice fronteira entre tecnologia, comunicação e cultura, e ler estes sites, e livros, e artigos todos; TODOS OS DIAS, somos mais preparados, antenados e cheios de repertório sobre as mudanças exponenciais que seguiremos enfrentando nos próximos cinco anos.
Mas não somos.
E isso não quer dizer que minha amiga na caixa da padaria tenha mais ou menos repertório sobre alguns temas. E SEQUER que isso fará diferença em sua capacidade de absorver e se adaptar às mudanças de nosso tempo.
O fato é que pesquisar sobre estes temas todos nos faz apenas próximos do local onde a pedra cai na superfície do lago revolto do mundo contemporâneo. Sentimos o impacto, nos sacudimos, pensamos e escrevemos sobre. Mas as ondas seguem concêntricas e incrementais até pontos distantes.
E, chegando lá, criam eles próprios seus novos pontos de impacto, ressignificamos, com novos valores atribuídos, filtrados pela realidade individual de cada um.
Sim, embora pesquisadores, não temos na mão a direção final para lidar com nada do que acontece na esfera coletiva de nosso tempo. Pois só o coletivo pode lidar com a coletividade.
Se indivíduo assume responsabilidade pelo coletivo, sabemos o que é. Se coletivo sufoca indivíduo também, sabemos o que é.
Agora, a questão que encerra esse começo de edição é ainda outra: como vamos lidar com coletivos que se distanciarão de sua espera produtiva muito em breve e para sempre?
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[READ] → Contato!
Pai e filha traduzindo sinais do espaço
Em maio de 2023, o projeto "A Sign in Space", liderado pela artista Daniela de Paulis em colaboração com a Agência Espacial Europeia (ESA), enviou uma mensagem simulada de Marte para a Terra. O objetivo era simular a recepção de um sinal extraterrestre e testar métodos de decodificação.
Após mais de um ano, Ken e Keli Chaffin, pai e filha, conseguiram decodificar o sinal, revelando padrões que levantam questões sobre o conteúdo de uma possível mensagem extraterrestre real. No entanto, a interpretação do conteúdo permanece um desafio complexo.
O projeto visa preparar a humanidade para um possível primeiro contato, envolvendo milhares de cientistas e voluntários globalmente. Daniela de Paulis, artista residente no Instituto SETI, vê essa experiência como crucial para desenvolver habilidades e métodos necessários no futuro.
O projeto reuniu cerca de 5.000 cidadãos cientistas, destacando a importância da diversidade de perspectivas para lidar com o desconhecido. Especialistas de várias áreas, incluindo linguistas, matemáticos, antropólogos e filósofos, são necessários para decifrar o "idioma" do cosmos.
O "A Sign in Space" lembra que a preparação para o contato extraterrestre envolve tanto inovação tecnológica quanto adaptação cultural. A comunicação alienígena pode envolver sentidos ou modos de percepção que ainda não imaginamos.
Conecta-se também com a abertura desta edição: só o coletivo vai resolver a coletividade.
[READ] → Acesso Livre à Arte
🎨 Met disponibiliza mais de 1.600 publicações gratuitamente! 📚
O Museu Metropolitano de Arte (Met) de Nova York deu um passo significativo na democratização do conhecimento artístico ao liberar mais de 1.600 publicações em seu arquivo digital, MetPublications. Agora, é possível acessar gratuitamente uma vasta coleção de livros, guias e periódicos que abrangem diversos períodos e culturas.
Entre as obras disponíveis, destacam-se catálogos de exposições, monografias de artistas e estudos temáticos que refletem a riqueza e a diversidade das coleções do Met. Seja você um pesquisador, estudante ou entusiasta da arte, essa é uma oportunidade imperdível para aprofundar seus conhecimentos e explorar o mundo da arte de forma acessível.
Gotinhas de curadoria para quem chegou agora na fila do pão
🤖 Segundo Miles Brundage, ex-líder de pesquisa na OpenAI, a Inteligência Artificial Geral (AGI) está próxima de realizar qualquer tarefa digital que um humano pode fazer. Esse avanço poderá transformar o mercado de trabalho e desafiar governos a repensarem políticas de educação e regulação. A previsão é de que uma versão inicial da AGI chegue até 2026, trazendo consigo impactos profundos para a economia e o futuro da força de trabalho →
🔈Shhh, a I.A. está falando | Acabou de sair no Blog da CC um relato sobre uma tendência bem curiosa. É que estaríamos à beira de uma revolução tecnológica denominada "Whisperverse", um futuro iminente onde assistentes de inteligência artificial (IA) integrados à realidade aumentada (RA) se tornarão parte integrante de nossa vida cotidiana. Esses assistentes digitais avançados prometen guiar-nos com sugestões contextuais e lembretes discretos, transformando radicalmente a maneira como interagimos com o mundo ao nosso redor.
🎨 "Ampliando Horizontes": USP celebra a criatividade de artistas com mais de 60 anos 📚 | A Universidade de São Paulo inaugura, em 6 de novembro, a exposição "Ampliando Horizontes" no Centro MariAntonia. A mostra apresenta os trabalhos finalistas do 4º Prêmio Arte e Literatura USP 60+, destacando a produção artística e literária de pessoas com mais de 60 anos. Com curadoria de Branca Coutinho de Oliveira e Marcia Blasques, a exposição confronta estereótipos e valoriza a diversidade de expressões criativas dessa faixa etária. A entrada é gratuita e a visitação vai até 2 de fevereiro de 2025 →
❤️🩹 A Google está trazendo uma visão inovadora para o setor de saúde com IA, parcerias globais e compromisso com a segurança e equidade. Karen DeSalvo descreve quatro abordagens principais para transformar o acesso e a gestão da saúde: apoiar a jornada de saúde individual, impulsionar descobertas científicas, transformar organizações e fomentar um ecossistema colaborativo. O objetivo é claro: proporcionar a todos uma vida mais saudável e duradoura →
🐒 Sem máquina de escrever pra você, primo | O estudo sobre o "Teorema do Macaco Infinito", conduzido pelos matemáticos Stephen Woodcock e Jay Falletta, desmistifica a ideia de que um macaco digitando aleatoriamente poderia criar as obras de Shakespeare. Os pesquisadores calculam que, mesmo com todos os chimpanzés do mundo e um ritmo de uma tecla por segundo, o tempo necessário ultrapassaria a existência do universo. Esta descoberta nos lembra dos limites práticos do conceito de infinito e dos desafios de traduzir o abstrato para a realidade →
E para fechar, o trabalho de Lou Benesch
A artista de Paris, apresenta sua exposição A Comforting Invisible em Los Angeles, de 9 a 30 de novembro. Através de aquarelas místicas, ela explora um "reino invisível" acessível pelos sonhos, utilizando simbolismo espiritual e criaturas fantásticas.
Seus trabalhos incorporam elementos como o sol, a lua e labirintos, que representam temas de metamorfose, dualidade e renascimento, inspirando-se em folclore e mitologia.
Essa história da padaria realmente assusta. E nos coloca nos nossos devidos lugares. E vendo Lou Benesch me lembrei do Alex Cerveny, que tem também seu universo visual particular.
É Mauro, essas mudanças quando acontecem com o tempo longo e alguma adaptação do coletivo é mais fácil, mas hoje em dia, temos mudanças repentinas que fazem uma ruptura em várias carreiras, já fui mecanografo, consertava máquinas de escrever e calcular, fui técnico de equipamentos de microfilmagem, aquelas dos cheques dos bancos, na compensação, nado disso existe como antes. O ciclo é esse com todos os impactos no cotidiano. Temos que refletir então.