Estou em uma van com diversas pessoas em um lugar que parece ser alguma planície da China ou do Deserto da Mongólia.
O motorista para na base de uma ladeira muito íngreme, estica vagarosamente o braço no banco, vira a cabeça para trás e avisa: “só consigo subir se a van estiver vazia, vocês terão que terminar a ladeira a pé”.
Resignados, descemos todos. A ladeira some na distância, de tão grande que é, embora não muito íngreme. O que me chama atenção no percurso é que ao longo de todo o caminho, existem pessoas maltrapilhas, que fazem daquela estrada e suas bifurcações, sua “casa’.
É quando eu olho para o lado e percebo que não estou tentando subir sozinho. Michelle Yeoh me olha e dá de ombros, como quem diz: “Que jeito, vamos subir”.
A medida que subimos, os maltrapilhos vão ficando para trás e somos cercados por cânions entremeados de rocha vermelha e com passagens bem estreitas.
Então, acontece.
Em uma dessas passagens, Michelle olha por um pequeno buraco no chão que revela uma altura de mais ou menos uns 20metros, abaixo do qual existe outro chão de rochas e neste um pequeno olho d’água.
Ouço apenas um “Oh”, como se escorregasse. Mas, todo o gestual é de quem mergulha de pé, como os mergulhadores profissionais fazem ao pular de um Navio de grande porte. Ela desce rapidamente de forma retilínea passando pelo buraco neste segundo chão que mal tem a sua largura.
Ploft.
Sigo andando no “andar de cima” e de soslaio, vejo-a tentando voltar a superfície, mas sendo barrada pela próprio espelho d’água. Embora não pareça congelado, dá a entender que a água não a deixa voltar. Ou respirar.
Entendo que devo seguir até o topo.
Agora estou em um pátio do que parece ser o ponto de chegada de quem conseguiu vencer a ribanceira. Entendo ser o pátio público de um templo destes no Himalaia.
Reencontro o motorista da Van. Ele me avisa que ela não conseguiu. Mergulhou, mas não conseguiu voltar à superfície.
Acordo com a sensação de que deveria ter salvado Michelle Yeoh.
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Cadernos de sonhos: 6 de Março, van, subida a pé e Michelle Yeoh
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Estou em uma van com diversas pessoas em um lugar que parece ser alguma planície da China ou do Deserto da Mongólia.
O motorista para na base de uma ladeira muito íngreme, estica vagarosamente o braço no banco, vira a cabeça para trás e avisa: “só consigo subir se a van estiver vazia, vocês terão que terminar a ladeira a pé”.
Resignados, descemos todos. A ladeira some na distância, de tão grande que é, embora não muito íngreme. O que me chama atenção no percurso é que ao longo de todo o caminho, existem pessoas maltrapilhas, que fazem daquela estrada e suas bifurcações, sua “casa’.
É quando eu olho para o lado e percebo que não estou tentando subir sozinho. Michelle Yeoh me olha e dá de ombros, como quem diz: “Que jeito, vamos subir”.
A medida que subimos, os maltrapilhos vão ficando para trás e somos cercados por cânions entremeados de rocha vermelha e com passagens bem estreitas.
Então, acontece.
Em uma dessas passagens, Michelle olha por um pequeno buraco no chão que revela uma altura de mais ou menos uns 20metros, abaixo do qual existe outro chão de rochas e neste um pequeno olho d’água.
Ouço apenas um “Oh”, como se escorregasse. Mas, todo o gestual é de quem mergulha de pé, como os mergulhadores profissionais fazem ao pular de um Navio de grande porte. Ela desce rapidamente de forma retilínea passando pelo buraco neste segundo chão que mal tem a sua largura.
Ploft.
Sigo andando no “andar de cima” e de soslaio, vejo-a tentando voltar a superfície, mas sendo barrada pela próprio espelho d’água. Embora não pareça congelado, dá a entender que a água não a deixa voltar. Ou respirar.
Entendo que devo seguir até o topo.
Agora estou em um pátio do que parece ser o ponto de chegada de quem conseguiu vencer a ribanceira. Entendo ser o pátio público de um templo destes no Himalaia.
Reencontro o motorista da Van. Ele me avisa que ela não conseguiu. Mergulhou, mas não conseguiu voltar à superfície.
Acordo com a sensação de que deveria ter salvado Michelle Yeoh.