CHINA ganhou a guerra. E nem precisava mostrar como.
Sobre o impacto de frases e varejistas chineses. O futuro que nos espera. Biscoitos chineses.
Passo o sábado sentindo ecoar uma frase em minha cabeça como aquela antiga tela de descanso de monitores do início dos anos 2000. Um texto que bate nos cantos quase de forma aleatória: tummm-tummmm. Só que, no meu caso, na forma de uma frase que ecoava.
Ela foi dita por Victor Gao, Vice Presidente do Centro de Globalizaçào da China, em entrevista ao Channel 4. Ele conversava com uma repórter americana, olhando de cima, quase perdendo a paciência. Do lado de cá, a jornalista conseguia apenas esboçar reações protocolares, enquanto seguia com a sua lista de perguntas.
Pausa.
Sinto que a frase me conecta instantaneamente a uma leitura curiosa, a biografia do Leonardo DaVinci, do Walter Isaacson. Na época, o livro não foi bem recebido como outros trabalhos seus (biografias igualmente, de Steve Jobs e Einstein), pois, afinal “o que mais se tem para falar de DaVinci"?, diziam os textos da época.
Eu como só tinha visto a minisérie italiana dos anos 70, curti. Mas curti por outros motivos, os pequenos detalhes.
Em uma de minhas passagens preferidas, DaVinci se prepara para viajar por longo tempo e vai ao Banco para dar baixa em uns investimentos…sim, parece alguma distopia mas é verdade: final do século XV, início do XVI e já existiam bancos de investimentos.
E DaVinci, como herdeiro e dono do fornecimento de água de alguns vilarejos (sim, você também não sabia dessa…) tinha seus caraminguás rendendo. E teve que sacar, ué, precisava de liquidez.
Essa passagem é importante porque me conecta com o tempo de hoje, o mesmo em que o comissário Chinês soltou a frase que abriu essa edição.
Isso me faz sentir a dimensão da dissonância cognitiva de certo extrato político - infelizmente no poder - em lugares como EUA, Hungria, quase-na-França e por aqui, por que não?
E a dissonância nos ajuda a dar conta de que somos limitados em nossa noção de mundo. E que existem tempos e lugares que estão evoluindo continuamente e não é porque não sabemos deles, que não existem.
Isso também me faz rir - de nervoso? - das coisas que vejo no final de semana que se seguiu a essa frase. Se você não foi impactado, aí vai um resumo: em resposta a política de tarifas de Trump, varejistas chineses fizeram um “Tiktokaço”1 e expuseram a indústria de Luxo americana, revelando os preços reais das bolsas mais desejadas pelo exército de Karens. Quem as faz, por quando elas podem ser vendidas… tudo isso às vésperas de se abrirem as portas do Tiktok Shop…
Mas aconteceu muito mais. No meu “ForYou", na paralela, uma outra linha editorial se desenrolava: vídeos impactantes do poderio industrial das “n” províncias, cada uma dedicada ao seu produto fim, em uma organicidade e organização que só um mente que lê ideogramas poderia idealizar.
Separei este exemplo, este aqui com uma pegada Karmina Burana para demonstrar como são as high-ways por lá, e mais esse, desafiando as alturas, e ainda esse com a vista noturna de Xangai. Fui salvando um depois do outro, pois vinham em sequência na certeza de que a) algo estava acontecendo ; b) uma página dos livros de história estava sendo escrita na minha frente; c) ela foi escrita no Tiktok.
É de um genialidade, disseram alguns analistas apressados…
Mas também é inocente a seu modo.
São ecos de um guerra comercial, claro. As tarifas recíprocas foram a oportunidade para a realidade se manifestar bem à frente dos mais desconectados.
Mas o movimento claro e mapeável do último final de semana traz uma inocência embutida, do lado chinês. A reação parece nos contar que estão utilizando a mesma régua da necessidade americanas para para medir a força comercial que está em suas mãos. Eles já ganharam essa guerra. E estão perdendo tempo em demonstrar como fizeram isso.
A frase que eu ouvi?
"Nós não nos importamos com os Americanos, eles não são o único mercado. E nós já estamos aqui há mais de 5 mil anos.”
E nós, estaremos por mais 50?
Biscoitinhos chineses
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