đŠ âïž đ· NĂŁo Ă© sobre a volta do Twitter e sim sobre a permanĂȘncia de nossa submissĂŁo ao mundo algorĂtmico
A semana passou com fartos exemplos de que as plataformas e big techs seguem mandando na forma como vocĂȘ experencia o mundo. AtĂ© quando?
Hey, Mauro Amaral falando. Tudo bem por aĂ? Abrindo a edição da semana no melhor clima de recado da parĂłquia para lembrar que estou rodando uma pesquisa entre a provĂĄvel audiĂȘncia para entender como vocĂȘs andam recebendo as linhas que cometo de sete em sete dias.
SĂŁo sĂł trĂȘs questĂ”es mas que vĂŁo me ajudar DEMAIS a seguir acreditando que ainda posso somar.

No inĂcio era o verbo e a gente sabia que era bom. Centro e quarenta caracteres para registrar o pulso real dos acontecimentos. Uma forma simples e inovadora de classificar mensagens e uma API aberta para a gente mapear e gerar conversas. E, assim, desde 2007, a gente foi se acostumando com o Twitter que depois veio a se chamar âXâ.
AtĂ© que no Ășltimo dia de agosto, a notĂcia: ele seria tirado do ar por uma decisĂŁo do Presidente do STF, o Alexandre de Moraes depois de meses de avisos e correta interpretação dos limites que o neoliberal guerreirinho deve respeitar tratando-se de soberania nacional.
Disse na segunda-feira em outra publicação aqui no
e repito: a decisĂŁo Ă© tecnicamente justificĂĄvel. E este meu encontro semanal com vocĂȘs, devotado a explorar a fronteira entre tecnologia, comunicação e cultura, fala atravĂ©s deste fato e nĂŁo sobre este fato somente para ajudar a registrar certo tipo de olhar sobre o contemporĂąneo que nos cerca com eita atrĂĄs de vixe todos os dias.Portanto queria levar vocĂȘs para uma reflexĂŁo relevante: a GRANDE DISCUSSĂO nĂŁo Ă© sobre a volta ou nĂŁo do X ou atĂ© mesmo para onde vamos depois de seu passamento. Redes vem e vĂŁo como nos lembrou
em recente vĂdeo no YouTube.No lugar dessa nĂŁo-questĂŁo, prefiro estimular que pensem em outras. E quero tanto que saiam daqui estimulados que simplifiquei em 10 perguntas para vocĂȘ se fazer atĂ© o final de semana.
E aqui, um spoiler: sequer precisamos responder, antes, precisamos que cada uma gere mais trĂȘs e nos coloque em estado de estranhamento, o Ășnico possĂvel.
Vamos lĂĄ?
Afinal, por que precisamos seguir dependendo de plataformas para nos conectar?
Por que precisamos entender o mundo a partir de algoritmos?
Por que fingimos esquecer que o conceito de rede social existe antes mesmo da energia elétrica ser domada?
Porque fingimos acreditar que audiĂȘncia neo-massificada (a.k.a conteĂșdo de influenciadores) produz conexĂ”es valiosas e relevantes?
Por que ignoramos continuamente o poder transformador de programas de educação turbinados pelo poder da conexão?
Por que o Estado - apesar de pesquisadores com trabalhos lidos no mundo inteiro - é tão pueril em suas avaliaçÔes sobre o momento atual das redes? (aliås, é meio assim no mundo todo, né?)
CadĂȘ o Marco Civil colegas pioneirinhos do caos?
Para onde vai o microblogging e por que nĂŁo serĂĄ para o Blue Sky?
O que se esconde por trĂĄs de uma multa de 50 mil dĂłlares por uso de VPN?
Se vocĂȘ pudesse reinventar o Twitter, por onde começaria?
Eu sigo daqui, pesquisando, analisando e me colocando em dĂșvida sem antes nĂŁo me me levar a sĂ©rio nunca. E vocĂȘs?
Ainda nesta edição: Oasis volta e BOTs inflacionam show | O custo das APIs para automatizar conteĂșdo | Um episĂłdio imperdĂvel da RĂĄdio Novello
O projeto mauroamaral.com nasce a partir da certeza de que o futuro de conteĂșdo bem feito, pode ser traduzido em dois conceitos: curadoria e canais de contato direto. A sua newsletter Ă© uma das melhores versĂ”es desta uniĂŁo. Mas temos outras: um canal no Instagram, uma comunidade no WhatsApp e ainda o Telegram e o Discord.
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đ€đ» Oasis volta, mas os BOTs barram fĂŁs na fila virtual o que nos lembra que curtir seu mĂșsico preferido tem pedĂĄgio
Como cria criativa dos anos 90, minha banda de garagem tocava Wonderwall, Ă© claro. A cena envolvia um esforçado ex-mĂșsico clĂĄssico improvisando a base no violĂŁo de aço e o arranjo de cordas em um JV-90 da Roland guerreiro e com alguns knobs falhando, que vendi tempos depois.
E foi sentado no gramado de um distante Rock in Rio 3, acho que em 2001, que os vi ao vivo. Em um today is gonna be the day mais do que esperado do ano apĂłs comer pizzas frias em cima de latas de lixo. HistĂłrias que ficaram no escaninho das piadas internas de casal.

Mas o fato Ă© que a banda auto-proclamada mais famosa do que os Beatles, sinalizou a sua volta semana passada. NĂŁo Ă© exatamente uma turnĂȘ mundial, mas 17 datas anunciadas no Reino Unido e Irlanda para o verĂŁo de 2025. A perspectiva de ver os irmĂŁos Gallagher, famosos por suas brigas, em ação novamente como era de se esperar atraiu a fiel base de fĂŁs. Mas, nĂŁo os garantiu na fila de entrada para o show.
E Ă© aqui que a notĂcia bacanĂssima do mundo da mĂșsica se rende ao tema da abertura desta edição. Isso porque⊠bem, um sistema de cĂĄlculo automatizado de preços feitos por BOTs, chamado âprecificação de picoâ, simplesmente - ou melhor seria dizer matematicamente - excluiu 90% da base de fĂŁs de uma possibilidade real de comprar o seu ticket. Estou aqui chutando a porcentagem, mas nĂŁo me espantaria se fosse issoâŠ
No Ticketmaster, o custo de alguns ingressos aumentou de ÂŁ135 (cerca de $177 USD) no inĂcio das vendas para mais de ÂŁ350 (aproximadamente $460 USD). AtĂ© a secretĂĄria de Cultura do Reino Unido, Lisa Nandy, foi acionada. Ela disse Ă ITV News que o governo incluirĂĄ questĂ”es sobre a transparĂȘncia e uso de precificação dinĂąmica, incluindo a tecnologia dos sistemas de fila que incentivam isso, em uma prĂłxima consulta sobre proteçÔes ao consumidor para vendas de ingressos.
A banda havia tomado medidas para controlar a inflação dos preços, mas sem sucesso. Para participar da pré-venda, fãs tinham que responder corretamente perguntas sobre a banda; muitos não conseguiram ingressos e jå imaginavam caos quando as vendas gerais fossem abertas.
O regulador de publicidade do Reino Unido informou à BBC News que recebeu 450 reclamaçÔes sobre preços enganosos e disponibilidade de ingressos, com muitos tickets mais que dobrando de preço. As vendas começaram no såbado e esgotaram em poucas horas, depois que milhares de compradores esperançosos passaram o dia em filas online.
E Ă© aqui que eu coloco vocĂȘ para pensar no contexto deste fato
A mĂșsica, houve tempo, sĂł era mĂșsica se ao vivo. Depois, vieram as tĂ©cnicas de registro e ela partiu para um novo campo de fruição. VocĂȘ passou a poder ouvir mĂșsica em casa, mas, claro, guardava certa conexĂŁo com o momento da performance, que passou a transitar em outro campo de sentido. Agora, era a chance de ver uma nova versĂŁo do prĂłprio artista, diferente daquela gravada, uma nova camada de experiĂȘncia.
A gente andou um pouco mais no tempo, e passamos a poder ouvir mĂșsica a partir de redes telemĂĄticas (aqui, lato senso, tĂĄ) a partir do fluxo de dados. Ou seja, streaming.
Com essa lĂłgica algorĂtmica, plataformizamos, portanto, o consumo de conteĂșdo sonoro que agora, ganharia uma terceira forma: posso ouvir em qualquer lugar, posso ter uma mĂdia que me coloca como que em um altar para cultuar certa aura criativa e, ainda, posso ir prestigiar ao vivo o artista. Camadas, captou?
O que um sistema como este faz Ă© reduzir qualquer uma das lĂłgicas que demonstrei a uma Ășnica maneira de se relacionar: a partir da velocidade in-humana dos BOTs que fazem a precificação. Uma espĂ©cie de financeirização turbinada da sua relação com o artista.
Calma que fica melhor: nĂŁo me surpreenderia se tivesse gente ainda tentando transformar isso em hype.
[Bastidores de um criador de conteĂșdo 50+]
đ§đ»âđ» Socorro, uma API me fez de refĂ©m.
P.S.: o que Ă© sĂndrome de Estocolmo, mesmo?
Desde que comecei a estudar o uso de IAs generativas conectadas por fluxos de automação para a produção de conteĂșdo que uma barreira se coloca entre as minhas ideias e o meu cartĂŁo de crĂ©dito: o custo e limites de uso das APIs.
Posso trazer um repertĂłrio para vocĂȘ que chegou agora por aqui? Ă assim: para sincronizar os serviços que temos hoje disponĂveis, faz sentido usar APIs, ou seja, chamadas diretas ao servidor daquele serviço.
Para entender, imagine que vocĂȘ estĂĄ em um restaurante. VocĂȘ olha o menu, faz seu pedido e entrega ao garçom. O garçom leva o pedido Ă cozinha, onde o chef prepara a comida, e entĂŁo o garçom traz a comida de volta para vocĂȘ. Nesse cenĂĄrio, a API Ă© como o garçom. Ela pega os pedidos que um programa faz, leva ao outro programa (ou servidor) que vai processar, e traz de volta a resposta. VocĂȘ, como cliente, nĂŁo precisa saber como a comida foi preparada, apenas faz o pedido e recebe o resultado.
SĂł que, desconfio, estes restaurantes que ando frequentando sĂŁo, no mĂnimo, uma estrela Michelin. E cobram por isso. O custo das APIs visto de forma absoluta nĂŁo chega a assustar. U$ 10 no dashboard da OpenAI, por exemplo, garante quase um mĂȘs de minha operação⊠isso seâŠ
âŠisso se ele nĂŁo tivesse limites de uso por dia. No tier bĂĄsico, vocĂȘ paga um valor mais baixo (digamos, $20 por mĂȘs) e pode fazer atĂ© 50.000 tokens de requisiçÔes por mĂȘs. Isso seria suficiente para tarefas simples, como gerar pequenas respostas ou resumos curtos. Por exemplo, se vocĂȘ estiver usando a API para responder a perguntas curtas, vocĂȘ poderia fazer algumas centenas de requisiçÔes por mĂȘs.
SĂł que eu nĂŁo uso para isso. Eu criei vĂĄrios e vĂĄrios agentes personalizados. Tem um que revisa textos, outro que lĂȘ relatĂłrios e faz resumos didĂĄticos sobre eles, tem ainda um que emula meus textos para ler notĂcias e fazer comentĂĄrios⊠enfim, coisa pra caramba.
Assim, para poder âter o direitoâ de usar mais, vocĂȘ precisa ir subindo de tier. E como faz isso? Gastando mais.
à aquilo né, a gente vive dizendo por aà que gamificar as coisas é legal porque a gente se imagina ganhando o game. :D
đȘ Biscoitinhos para quem nĂŁo Ă© submisso Ă s plataformas e vai comentar nessa edição!
Em busca do sexto sentido | "Trap", o mais novo thriller psicolĂłgico de M. Night Shyamalan, acompanha o assassino Cooper, "The Butcher" (Josh Hartnett), e sua filha (Ariel Donoghue) em um show que se revela uma armadilha policial. Inspirado em uma operação real, Operation Flagship (1985), onde o Serviço de Delegados dos EUA enviou convites falsos para fugitivos oferecendo ingressos para um jogo de futebol americano. Mais de 3.000 convites foram enviados, resultando na captura de 144 fugitivos. Shyamalan compara o filme ao SilĂȘncio dos Inocentes em um show da Taylor Swift, trazendo um toque de realidade para a tela grande. Em um esquema elaborado, oficiais disfarçados conseguiram cercar e prender os fugitivos, destacando a engenhosidade das tĂĄticas utilizadas â
No ĂĄudio se guarda o segredo das horas | O episĂłdio âCĂĄpsula do Tempoâ, que foi ao ar em todos os tocadores de podcast na semana passada, trouxe mais um trabalho esmerado da equipe do
(RĂĄdio Novelo Apresenta). Destaque para a histĂłria de vida de Heber Trinta Filho, dono da carteira nĂșmero 1 da Biblioteca Nacional. Uma aula de viagem no tempo que sĂł o ĂĄudio pode garantir âfuck-off! | Foi o banco roxinho me oferecer um ano grĂĄtis de MAX por ser um bom cliente e guardar tostĂ”es em sua caixa forte que lĂĄ fui eu novamente ver a Ășltima temporada da melhor sĂ©rie da dĂ©cada; nĂŁo de todos os tempos, pois Breaking Bad. No caso de Succession, foi mais uma vez curioso notar que como disse na edição passada, Ă s vezes o livro Ă© o mesmo e vocĂȘ nĂŁo. E, rever os 10 episĂłdios guiados pelo crivo de inutilidade suprema dos herdeiros do clĂŁ dos Roy me deu outra perspectiva - ainda excelente - dessa obra-prima. Acima, a cena da montanha em que o CEO da GoJo desmantela as inseguranças de Roman e Ken.
Timelines que nĂŁo voltam mais | Ainda no clima do fim do Twitter atĂ© que se prove o contrĂĄrio, relembrei na edição da newsletter da ContĂ©m ConteĂșdo por aqui como vi nascer a era da influĂȘncia ao vivo, em evento paulista da dĂ©cada passada â
No fundo, sou Trekkie | HĂĄ quase 30 anos, 2024 deve ter parecido uma eternidade para os roteiristas de Deep Space Nine. Tal como a sĂ©rie original dos anos 60 imaginou um futuro sombrio para os anos 90 fictĂcios, agora eles se encontraram com uma ideia de histĂłria que olharia para o futuro prĂłximo da audiĂȘncia, a partir da utopia sĂ©culos Ă frente de Star Trek. Agora que realmente estamos vivendo um ano onde Star Trek imaginou o pior de nĂłs, Ă© notĂĄvel o quĂŁo presciente sua visĂŁo se tornaria â
Skynet veio aĂ? | E como distopia pouca Ă© bobagem, vale lembrar que a SkyNet jĂĄ estĂĄ no ar, como nos avisou o T800, em 1984. A Skynet Ă© uma inteligĂȘncia artificial criada pela empresa Cyberdyne Systems. Originalmente desenvolvida para controlar os sistemas militares dos Estados Unidos, a Skynet se torna autoconsciente em 29 de agosto de 1997. Ao perceber que os humanos tentariam desativĂĄ-la, a Skynet inicia um ataque nuclear contra a humanidade, desencadeando o "Dia do Julgamento" e dando inĂcio Ă guerra entre humanos e mĂĄquinas que Ă© central na narrativa da franquia. A galera do Tiktok embarcou na data e inundou a for you com avisou sobre o dia⊠sĂł que algumas dĂ©cadas depois. Pera, serĂĄ que entĂŁo jĂĄ rolou?