Siga-me por nove passos

E tente entender por onde andaram minhas leituras no feriadão mais quente do ano

Foi difícil conectar leituras enquanto tentava respirar sentindo a temperatura chegar aos 60 graus. Ah, você poderia estar no ar-condicionado, alguns dizem, mas a vida insiste em idas à rua, em atender entregadores no portão e a ver fãs não mais curtirem suas vidas. E se encolher enquanto derrete, pensando que:

Soltei essa lá no instagram.com/mauroamaral

Mas, ainda assim, vocês que formam a minha provável audiência merecem ter nosso pacto valorizado. E se, faltei no feriado, não faltaria uma semana depois. Eis que na tentativa de chegar a um caminho do meio, preparei uma edição biscoteira que só, com nove dos textos que consegui ler neste período.

Existiram outros, existiu um tardio Oppenheimer e o evitável Besouro Azul. E muitos canais de YouTube que são minha TV de hoje. Mas, por agora, fiquemos com esses nove textinhos. Vem comigo:

• …e descubra que o artigo "The science of (artificial) intelligence" discute a ciência por trás da inteligência artificial (IA). Ele explora como os avanços na pesquisa e na tecnologia têm impulsionado o desenvolvimento de tantas ferramentas, mas no recorte das diferentes áreas da ciência relacionadas à I.A., incluindo aprendizado de máquina, processamento de linguagem natural e visão computacional. Ou seja, um banho de contexto em sua pressa por querer usar de tudo. Para saber mais, você pode ler o artigo completo aqui →

• Na sequência, conecte com o "A Critical Look at AI-Generated Software", que descobri a partir do perfil do Cezar Taurion no LinkedIn que, alías, recomendo. No artigo, a gente tem uma apresentação bem realista de possíveis falhas e críticas do uso destas soluções. Para ler e ter em seu caderninho anotado →

• Tá, mas tem os acontecimentos que prometem novas fronteiras no uso destas traquitanas automáticas. Por exemplo, uma startup alemã chamada DeepL que quer competir com o Google para desenvolver um tradutor universal baseado em inteligência artificial. A empresa já possui um serviço de tradução que utiliza IA avançada e está levando adiante o desenvolvimento de um intérprete de voz. A DeepL se destaca por sua foco exclusivo em tradução automática e tem sido bem avaliada em setores como educação, saúde e finanças. Com previsões de que o mercado global de serviços de tradução ultrapasse US$ 44 bilhões na próxima década, a DeepL está determinada a superar o Google Translate →

• Até que eu ri ao ler na TechRadar, que existe um navio equipado com 10.000 GPUs Nvidia H100, no valor de 500 milhões de dólares, que quer ser considerado o primeiro território soberano que depende inteiramente de inteligência artificial. A ideia dos AnarcoBocós é criar uma nação autônoma governada por IA, capaz de tomar decisões e conduzir atividades sem a intervenção humana. O projeto visa explorar o potencial da IA em diversas áreas, como economia, saúde, educação e governança →

• E já que mencionei a rede social dos empregadores e CEOs, tem um assunto bem interessante de se levantar. Não sei se vocês sabem, mas durante muitos anos editei um blog sobre o mercado freelancer no país e luso-falantes de forma geral. Quem diria que debateríamos a ameaça das I.As aos empreendedores de suas próprias carreiras? Sabia que já rolam estudos apontando que o uso de I.As por pequenos negócios está, de fato, afetando os jobs dos freelancers? Isso porque este tipo de ferramentas está sendo cada vez mais usada para automatizar tarefas antes encomendadas aos freelas, como tradução, redação de conteúdo e design gráfico. O artigo destaca que a IA também está criando novas oportunidades de emprego, especialmente nas áreas de desenvolvimento e manutenção de sistemas de IA. Além disso, é enfatizado que os freelancers podem se adaptar às mudanças tecnológicas investindo em habilidades complementares à IA, como criatividade e habilidades interpessoais →

• E nessa de se adaptar, outra tendência que desponta é a dos “superempregados" porque, afinal, capitalismo, né? Essa eu li na Business Insider. Por lá a gente entende que tá nascendo uma “casta” de gente se aproveitando do home-office pós-pandêmico para ter múltiplos empregos e salários. Questionável ou não, o fato é que o artigo ainda traz dicas para equilibrar as múltiplas existências, como estabelecer limites de tempo e priorizar o autocuidado. A narrativa me lembrou um episódio de “Todo mundo odeia o Chris” com pitadas de “A Vida como ela é” de Nelson Rodrigues e seus funcionários públicos suburbanos com duas famílias em pontos distantes de um Rio de Janeiro dos anos 50 →

• E se comentei exagero e capitalismo, o papo só poderia nos levar para a Apple. Tem esse texto que faz uma crítica ao filme "Mãe Natureza" da Apple, que é considerado uma obra-prima do storytelling corporativo, mas apresenta contradições em relação à imagem da empresa como defensora da sustentabilidade. Embora a marca descreva seus avanços na redução de emissões de carbono e adoção de práticas sustentáveis, há uma ironia em uma empresa que prospera na obsolescência programada de seus produtos ser celebrada por seu progresso em sustentabilidade. Não é novidade, até eu já falei nisso aqui, mas vale dar uma lista na versão atualizada da história, assinada por Lourenço Bustani e Marcelo Gleiser, aqui →

• Tá, respira, porque no artigo da Psychology Today, oferece seis estratégias baseadas em dados para combater o excesso de pensamentos, ajudando a pensar com mais clareza. São exercícios simples que ajudam a criar espaço entre o indivíduo e seus pensamentos e sentimentos, reduzindo a identificação excessiva com eles e promovendo maior clareza mental →

• E na categoria “copia mas faz diferente”, fecho com essa análise recente a Variety sobre a nova fase da Netflix, que em sua estratégia para filmes está priorizando a qualidade. A plataforma de streaming está focando em produzir menos filmes, mas com um alto nível de qualidade, a fim de atrair e manter a atenção dos espectadores. Ué, Apple TV? Confira aqui →

E foi isso.