Um hacker de 17 anos, um TikToker e um podcaster entram num bar...
Essa provavelmente seria uma piada ruim. Mas esta edição, não. Você vai ler: nova geração de hackers, a patricinha que desbancou Joe Rogan e novidades do mundo das I.A.s.
Abrindo a edição com plot de roteiro para série da Netflix? Sim. É que estava lendo essa matéria na Fast Company, que nos dá conta de uma nova geração de hackers, conhecida como Scattered Spider ou Muddled Libra. Eles têm causando estragos em grandes empresas usando táticas inovadoras e engenharia social.
A turma reúne a molecada entre 17 e 22 anos, nativos da era digital, e com acesso a recursos online que seus predecessores nem imaginavam. Eles têm uma habilidade notável em enganar pessoas para cometer erros, muitas vezes usando detalhes das mídias sociais dos funcionários das empresas como ponto de entrada.
O ataque recente ao MGM Resorts e Caesars Entertainment em Las Vegas, por exemplo, destacou-se por não depender de malware para a intrusão inicial. Em vez disso, os hackers utilizaram ferramentas de acesso remoto legítimas e credenciais regulares de usuários autenticados para obter acesso às redes das empresas.
Eles então imobilizaram os sistemas da MGM até que um resgate fosse pago. Esse tipo de divisão de tarefas tornou-se comum no mundo do hacking, com diferentes componentes de um ataque sendo vendidos como serviços.
Os jovens hackers dessa geração aprenderam suas habilidades em um ambiente onde jogos online transacionais são a norma. Começam roubando moedas virtuais em jogos como Roblox e, em seguida, passam a experimentar com criptomoedas, que não apenas servem como meio para resgates, mas também permitem que hackers roubem recursos computacionais de empresas. Esses hackers também se beneficiam da educação tecnológica atual, que muitas vezes acontece na nuvem e envolve o uso de software de código aberto. Eles estão familiarizados com as vulnerabilidades dessas tecnologias, o que facilita os ataques.
Embora os avanços tecnológicos estejam tornando as técnicas de ataque mais sofisticadas, a engenharia social continua sendo a tática mais popular, especialmente com o auxílio da inteligência artificial para gerar linguagem convincente.
Em outubro, quero desenhar a newsletter que você sempre quis ler
Antes de seguir no seu scroll semanal, aproveito para lembrar que estou rodando no mês de outubro uma pesquisa com a provável audiência. São apenas três minutos nos quais você vai responder sobre seu comportamento de leitura, do que gosta e do que sente falta aqui na newsletter.
Por uma arqueologia possível no mundo dos vídeos curtos
Eu sou desengonçado no vídeo, pois míope e tergiversador. Mas não é que não entenda que o futuro está lá. Quase ninguém mais lê nada. Nem a gente mesmo que escreve. E nem o que a gente mesmo escreve.
Aliás, este projeto aqui ainda segue de pé, viu? →
Mas tem algo nessa vida de vídeos curtos que têm me chamado atenção. Entendo TikTok como entretenimento e YouTube como minha TV, desde há muito. E é por isso que este artigo do Socialnomics é tão interessante.
Ele traça uma “arqueologia de formatos” no mundo dos vídeos curtos, do TikTok ao YouTube Shorts. Ambas as plataformas oferecem uma ampla gama de músicas e ferramentas criativas, mas diferem em termos de público e alcance.
Dá uma lida e vem debater nos comentários, quais dos primos de algoritmos rápidos você prefere como produtor e/ou consumidor deste tipo de conteúdo?
A gente precisa conversar…
Quando criei a [Read][Rec][Play] a imaginei com uma começadora de assuntos. Aquele mapa de situação que nos ajuda a seguir nos debates, sabe? Da mesma forma, lembro que a newsletter é um prolongamento do projeto mauroamaral.com que desde 2019 se propõe a defender plataformas proprietárias e contato direto como uma forma de respirar para além das timelines movidas por algoritmos. Por isso, temos canais de conexão direta. E por isso insisto neles:
No servidor do Discord, temos canais para os grandes territórios de nosso papo, além de espaço para inventarmos outros →
No Canal do Instagram, você acompanha os bastidores da minha produção enquanto criador de conteúdo com mais de vinte anos de estrada →
O mesmo se dá no Telegram onde, como diz do Bruno Natal do Resumido.cc, ninguém está, mas tem gente, viu? →
O mesmo se dá no recém-criado Canal do WhatsApp. Ouvi dizer que tem publisher escalando audiência por lá. Vem cá conhecer →
E, claro, se você chegou aqui a partir de indicação de amigos, fique à vontade para assinar a newsletter. Todas as quartas-feiras trago uma curadoria especial, temperada com análises inusitadas (a.k.a vozes da minha cabeça) sobre aquilo que me afeta direto da tríplice fronteira entre tecnologia, comunicação e cultura.
Destaques PodeQuestais: iOS muda o jogo novamente e Joe Rogan é desbancado por novata
Se tem um app que eu curto menos do que o do Spotify para ouvir podcasts, é o da Apple. Sim, sei do pioneirismo da marca no mundo dos podcasts, mas aquilo lá é bem ruim de entender. Principalmente para quem ouve podcasts variados, e que larga no meio para voltar depois, e que gosta de ouvir novamente.
Eis que, como li em posts The Verge, a última atualização do iOS 17 vai mudar as métricas do jogo. A principal mudança nesta atualização é como os downloads automáticos funcionam para podcasts. Anteriormente, se você se inscrevesse em um podcast e depois o esquecesse, ao retornar a ele mais tarde, todos os episódios não reproduzidos seriam baixados para o seu telefone. A nova atualização muda esse comportamento; ela apenas retomará o podcast e não baixará episódios anteriores. Além disso, episódios com mais de sete dias não serão baixados automaticamente, mesmo que sejam adicionados a catálogos antigos.
Essa mudança é significativa porque pode afetar as métricas usadas para medir a popularidade dos podcasts. Os números de downloads podem diminuir, o que é uma preocupação para uma indústria que depende fortemente desses números para publicidade e outras decisões de negócios. Ross Adams, CEO da Acast, observa que esses ajustes impactarão principalmente os números de downloads em episódios de catálogos antigos, mas resultarão em uma medição mais precisa das audições totais de um podcast.
Enquanto isso, na Slate, li sobre a ascensão de Alix Earle, uma jovem de 22 anos que conseguiu desbancar o popular podcast "The Joe Rogan Experience" no Spotify.
Earle é uma influenciadora digital com milhões de seguidores no TikTok e Instagram. Seu podcast, "Hot Mess", alcançou o topo das paradas em menos de uma semana, apesar de não ser considerado particularmente interessante ou inovador.
Earle utiliza seu podcast para discutir aspectos de sua vida universitária privilegiada e não possui um histórico de atuação, arte ou outras realizações notáveis.
O artigo sugere que parte de seu sucesso pode ser atribuído à sua habilidade de ser "estrategicamente vulnerável", abordando tópicos como acne cística e transtornos alimentares. O artigo também levanta questões sobre a legitimidade de seu sucesso, mencionando que Earle foi uma das primeiras estrelas assinadas pela Unwell Network, uma empresa de áudio fundada por Alex Cooper, que hospeda o podcast "Call Her Daddy". A proximidade com Cooper e, consequentemente, com o Spotify, pode ter facilitado sua rápida ascensão.
Eu já comentei sobre o uso de celebridades - porque sim - e de como essa estratégia do Spotify pode dar ruim. Leia aqui →
A edição está mais biscoiteira do que influenciador de I.A. Sim, já deve existir.
Vamos abrir com a questão moral por excelência: a existência ou não do Livre-Arbítrio. Segundo Robert Sapolsky, neurobiologista da Universidade de Stanford, após quatro décadas estudando humanos e outros primatas, o livre-arbítrio é praticamente inexistente. Sapolsky argumenta que uma série de fatores além do nosso controle influencia nossas escolhas e comportamentos, tornando a ideia de livre-arbítrio negligenciável. Agora é com você decidir se lê ou não (será?) →
[Corte rápido nos bullets: eu tentei fugir do tema essa semana, mas saiu foi assunto interessante sobre I.A.]Na categoria “não sabia que era impossível, fui lá e fiz”, tem a história de Luke Farritor que usou IA para decifrar um texto de um pergaminho que não era lido há 2.000 anos. O pergaminho, carbonizado pela erupção do Monte Vesúvio em 79 d.C., foi um dos cerca de 800 encontrados na antiga cidade romana de Herculâneo. A palavra decifrada foi "porphyras", uma antiga palavra grega para "roxo". O projeto faz parte do "Desafio do Vesúvio", uma competição que oferece prêmios em dinheiro para quem conseguir usar IA para ajudar a decifrar os pergaminhos. O desafio ainda está em andamento, com um prêmio principal de $700.000 para o primeiro concorrente que ler quatro passagens de pelo menos 140 caracteres, que me fez pensar como seria o Twitter da época →
Quem entrou no debate das I.As foi um dinossaurinho muito simpático chamado InoReader. Para quem não conhece, é um leitor de FEEDs, que era como os INCAs seguiam atualizados. Em um post em seu blog, debate sobre influência crescente da Inteligência Artificial (IA) na personalização de notícias e os desafios associados a essa tendência. No cardápio: a criação de "bolhas de informação" e "câmaras de eco"; uso de I.A. para criar manchetes mais “clickbaiting” e análise de textos sem olhar humano. Claro, o post sugere o uso de tecnologias RSS, como o próprio Inoreader, para retomar o controle sobre o conteúdo que consumimos. Ao contrário dos algoritmos de IA, o RSS permite que os usuários escolham suas fontes e recebam todas as atualizações dessas fontes, evitando assim a formação de bolhas de informação. Me parece que o projeto de I.A. do InoReader vai atrasar, né? →
Estou curtindo muito acompanhar os posicionamentos do blog Hackernoon, dedicado ao território da I.A. Em um post da semana passada ele já trouxe a discussão sobre a Segurança em IA. →
Complementando, temos também uma forma direta e clara sobre o funcionamento de cada modelo de linguagem usada hoje das I.As mais famosinhas do mercado, como GPT-4, Llama 2 e Claude, focando em como eles reagem a diferentes prompts. É um vídeo introdutório muito bom para você entender conceitos como tokenizadores, "fuel shot prompting", que envolve dar exemplos ao modelo, e "Chain of Density Prompting”, que é útil para tarefas de sumarização. Tá no YouTube, de bobeira esperando o seu play →
Sim, a gente segue trazendo os usos mais recentes de I.A, porque o tema não pára. Esbarrei também em um artigo da Sprout Social sobre o que se tem feito no Marketing a partir do uso de Inteligência Artificial (IA). As atividades - detalhadas no post - incluem Análise de Dados de Mídias Sociais, Criação de Conteúdo, Publicidade e Segmentação de Campanhas, Agendamento e Postagem em Mídias Sociais, Construção de Chatbots, Medição de Mídias Sociais e Análise de Sentimento. O meu sentimento é que isso é só o começo →
Livrinho para fechar?Sim!
O “100 ideas that changed film”nos traz agradáveis surpresas sobre a evolução da arte de contar histórias a partir de imagens em movimento. Ocorre que tomamos por “dadas” todas as coisas que nos cercam nessa indústria. Mas, um dia, não houve trailers, por exmeplo, ou trilha sonora; ou até mesmo… legendas. Em formato de guia de consulta, esse livro traz essas as ideias organizadas por evolução tecnológica. Sim, fiz aqui uma rima quase visual sobre a arqueologia de formatos de vídeos-curtos lá de cima. ;)
A história do pergaminho achei muito louca. Ouvi no Resumido tb e acabei escrevendo sobre isso. E se for um poema?