A insustentável leveza das suas dúvidas
Hoje, de tudo um pouco: Spotify tentando engambelar seus assinantes, uma Taylor Swift NSFW e o Ray Kurzweil reafirmando que a SkyNet vem agora em 2029
Ter dúvidas é algo que constrói a alma de quem duvida e abala a de quem vive de certezas. Se você já acordou para essa maneira de viver, parabéns. Se ainda se amarra em certo número de fundamentalidades, aprume-se!
Digo isso porque estamos cercados de novidades a todo o momento, presos na armadilha fácil dos “comos”. Como ser mais produtivo, mais rico, ser influenciador, fazer calistenia apoiado em uma cadeira… e por aí vai.
Mas, ao desbravar a tríplice fronteira entre tecnologia, comunicação e cultura, eu faço um convite semanal para você se render aos “porquês”. Os da edição de hoje estão curiosos:
→ Por que o Spotify está entubando seus assinantes com conteúdo que não querem?
→ Por que a probreza nos EUA é medida de forma equivocada?
→Por que devemos - ou não - dar uma chance para mais uma tentativa de adaptar uma trilogia de livros genial?
Tá, você pode ter chegado agora e não ter entendido muita coisa, principalmente se veio de indicações aqui do Substack. Se for esse o caso, convido para acessar meu arquivo de edições. Estou por aqui desde 2019. E, claro, assine no botão abaixo para receber as próximas edições em sua caixa de e-mail bem cedinho toda semana. Se baixar o app a experiência é sempre melhor, cabe lembrar.
O projeto mauroamaral.com está aqui no Substack toda semana, mas continua em um grupo do Telegram, um canal no Instagram, outro no Whatsap e um servidor do Discord.
[READ] → Faça o que eu digo mas não diga ou que eu falo, ou algo assim…
Digital News Report 2024: vem aí os influenciadores de jornalismo
Essa eu li em uma newsletter aqui mesmo, direto da
que trouxe um pensamento sobre alguns dos achados do Digital News Report 2024. Dentre os destaques o aumento do consumo de notícias via plataformas de vídeo, desconfiança em notícias geradas por IA e estagnação nas assinaturas de sites de notícias.Ops, aliás…sabia que dá para dar de presente uma assinatura aqui da newsletter para uma pessoa ou um grupo delas? É só seguir as instruções abaixo!
Voltando aos achados. O Digital News Report 2024 revela que vídeos são cada vez mais consumidos como fonte de notícias, especialmente por jovens, e há estagnação nas assinaturas de sites de notícias.
Realizada em 47 países, a pesquisa apontou desconfiança no uso de IA no jornalismo e um aumento na evasão de notícias. O que bate de frente com o crescimento dos deep fakes - que prometem ser a grande preocupação das eleições americanas…
O ponto que chama atenção e aponta para mudanças semânticas quase é típico do ecossistema brasileiro: a competição com influenciadores de notícias nas redes sociais é intensa, com figuras como Leo Dias e Whindersson Nunes desafiando a mídia tradicional. Com mais audiência, engajamento e poder de construção de opinião!
No Festival 3i (um i para inovador, mais um para inspirador e o terceiro para independente), discutiu-se também a desinformação em desastres climáticos, destacando a lucratividade da desinformação em plataformas digitais. Vale a visita.
[REC] → Ouça o livro mas não faça o que eu faço
Música: Spotify acusado de esquema de assinatura enganoso
A recente controvérsia envolvendo o Spotify e a inclusão de audiolivros em seus planos pagos levou a National Music Publishers' Association (NMPA) a solicitar uma investigação pela Comissão Federal de Comércio (FTC).
A NMPA acusa o Spotify de usar essa oferta para aumentar lucros de forma enganosa, burlando o sistema de royalties musicais. Em novembro de 2023, o Spotify incluiu 15 horas de audiolivros em seus planos Premium e, meses depois, lançou um plano dedicado por US$ 10 ao mês.
A NMPA alega que os aumentos de preços nas assinaturas são injustos, forçando clientes a pagar por um serviço que não escolheram. Além disso, a associação afirma que os maiores preços das assinaturas não beneficiaram os compositores, resultando em um pagamento anual de royalties aproximadamente US$ 150 milhões menor.
A NMPA também critica o novo plano exclusivo de audiolivros como uma estratégia para justificar a inclusão deste conteúdo no Plano Premium. Em resposta, o Spotify afirmou que suas ações são padrão na indústria, oferecendo valor significativo e experiências de alta qualidade aos consumidores, e rejeitou categoricamente as alegações da NMPA.
Este conflito pode influenciar futuras revisões do modelo de royalties do Spotify, que frequentemente é alvo de críticas por parte de artistas e editores pela baixa remuneração. A história continua a se desenvolver com novas atualizações esperadas.
Eu falei sobre outras cambalhotas do Spotify em um artigo lá no mauroamaral.com →
[READ] → Para você não ficar achando que pobreza é endêmica…
Pobres nos EUA que não conseguem ajuda e pais americanos que ficam mais pobres porque quiseram ir para a Disney…
Na semana que passou duas notinhas me chamaram atenção. Na primeira, conheci a história de Jason Hopkins, zelador de Illinois, que nunca ganhou mais de $35,000 por ano e vive de salário em salário há uma década. É o que o artigo me ensinou tratar-se do grupo crescente de americanos conhecidos como ALICE (Asset-Limited, Income-Constrained, Employed), que, mesmo empregados, lutam para cobrir suas necessidades básicas. Esses indivíduos muitas vezes ganham muito para se qualificar para assistência social, mas insuficiente para se sustentar. Aqui no Brasil, chamamos de classe-média… : /
A distorção se dá porque a linha de pobreza federal nos EUA é calculada com base em uma fórmula da década de 1960, que considera um terço da renda destinada à alimentação. Hoje, apenas 13% da renda é gasta em compras, enquanto custos com moradia aumentaram significativamente. Com a linha de pobreza atual situada em $15,060 por ano para uma pessoa, milhões são deixados de fora dos programas de ajuda. Especialistas e organizações, como a Population Reference Bureau e o United For ALICE, afirmam que a maneira de medir a pobreza precisa ser atualizada.
Programas como SNAP e WIC usam essa linha para definir elegibilidade, gerando limitações para muitas famílias necessitadas. Há propostas legislativas, como a Poverty Line Act, que buscam modernizar essa medida e considerar os custos reais e regionais de vida.
Alguns defendem modelos de renda básica universal, como nosso Bolsa Família, proporcionando mais autonomia financeira às famílias.
Enquanto mudanças significativas na linha de pobreza parecem distantes devido a barreiras políticas, a necessidade de reformular essa métrica permanece clara para apoiar adequadamente os cidadãos de baixa renda. Assim como uma longa jornada de educação financeira para toda uma geração.
E isso nos leva a segunda notinha, que me soa como uma Maria Antonieta ordenando que comam brioches os necessitados que não têm pão… é que cresce também o número de pais estão se endividando para pagar férias na Disney à medida que os preços disparam.
Segundo uma pesquisa da Lending Tree, quase 50% dos pais com filhos menores de 18 anos entram em dívidas para proporcionar esta experiência aos seus pequenos. Os principais vilões do orçamento dentro dos parques são os alimentos e bebidas, que pesam significativamente no bolso dos visitantes.
Os altos preços praticados pela Disney já foram motivo de espanto até mesmo para o CEO da companhia, Bob Iger. Em 2023, a Disneyland já reajustou os preços dos ingressos, e espera-se que a Disney World siga o mesmo caminho em 2025. Vale a pena? Para alguns vale.
[READ] → The SemSal's Tour
Avatar da Taylor Swift para conversas NSFW? Ao que tudo indica, temos. Mas temos mais do que isso…
Sim, chats NSFW (“Not Safe for work”, ou, sacanagem…) não são exatamente novidade em ambientes onde a quinta série eterna reina. Nessa levada, essa thread no Reddit viralizou esta semana, prometendo papos apimentados com a Taylor Swift.
O serviço talkiemate.com, oferece um avatar hiperrealístico da cantora que combina algoritmos de inteligência artificial avançada com (palavras deles): "a personalidade carismática de uma das maiores estrelas pop do mundo.”
Isso é tão distorcido de tantas formas diferentes que podemos ficar só com a questão do uso deste tipo de ferramenta para desinformação e exploração exagerada da figura feminina. Claro, o acesso se dá após cadastro e pagamento.
E se aplicações NSFW de I.As estão começando a incomodar, usos mais conservadores também não ficam de fora. Uma pesquisa recente revelou que a maioria dos leitores de notícias do Reino Unido e dos EUA se sente desconfortável com o jornalismo gerado por IA.
Apenas 23% dos entrevistados nos EUA e 10% no Reino Unido disseram estar confortáveis com notícias geradas por IA. A maioria, 53% dos americanos e 63% dos britânicos, se mostrou desconfortável. Em ambos os países, 18% ficaram neutros. Os leitores são especialmente céticos quanto ao uso de IA para temas sensíveis como política ou guerra, por exemplo.
Eles aceitam mais a IA para trabalhos nos bastidores, como aprimorar os fluxos de trabalho dos jornalistas, mas são contra a geração de conteúdo novo por IA, especialmente fotos e vídeos realistas.
O Instituto Reuters afirma que deve sempre haver um humano envolvido e a automação completa deve ser evitada. O Digital News Report, baseado em quase 100.000 entrevistas em 47 países e regiões, destaca os desafios das redações em uma era digital.
Em 2022, a News Corp Australia admitiu gerar cerca de 3.000 artigos por semana usando IA. As redações estão adotando IA em meio a receitas em queda e grandes cortes de empregos no setor.
[PLAY] → Parece coisa de Sófon…
Vamos realmente dar mais uma chance para O Problema dos Três Corpos?
O renomado cineasta chinês Zhang Yimou (que você conhece do “Clã das adagas voadoras", 2004) está produzindo uma versão cinematográfica dos populares romances de ficção científica da série "The Three-Body Problem", como nos trouxe o Deadline.com.
O anúncio foi feito por Wang Changtian, CEO da Enlight Media da China, durante o Fórum de Abertura do Festival Internacional de Cinema de Xangai, afirmando que o projeto está atualmente na fase de pré-produção.
Publicado originalmente em 2008 pelo escritor chinês Liu Cixin, "The Three-Body Problem" é o primeiro de uma série de romances que explora o primeiro contato da humanidade com uma civilização alienígena. Já trouxe a trilogia como exemplo de vários pensamentos interessantes sobre a relação do humano com o desconhecido, de nossa submissão às plataformas e relembrei cenas e imagens mentais que são muito, muito interessantes.
Mas o que me parece ser a questão aqui é que já temos duas versões que tentaram…uma versão chinesa (disponível somente em fontes alternativas…) e a versão americana (bem ruim) da Netflix com Alexander Woo, David Benioff e D.B. Weiss. A série conta com um elenco diversificado incluindo Jovan Adepo, John Bradley e Liam Cunningham, e já foi confirmada para três temporadas. Mas, não me empolgou. A profundidade dos personagens e suas jornadas foram solenemente ignoradas, por exemplo.
A grande questão é: vamos dar essa terceira chance?
[READ] → escreveu, não leu, o e-mail lembrou…
Edições que valem a pena dar uma olhada se você chegou aqui agora
A gente até usa uns truques para acelerar aqui e ali, mas dá trabalho viu? Então, fica o convite para prestigiar quem está sempre por aqui fazendo curadoria e pesquisando temas para vocês.
Biscoitinhos para quem não é sem sal como a Taylor Swift
🚨A startup Perplexity é acusada de plágio por violar sua própria política de seguir o Protocolo de Exclusão de Robôs. Segundo a WIRED, a empresa tem usado crawlers para acessar e baixar dados de sites bloqueados →
Li na Wired que extremistas nos EUA estão usando IA para espalhar discurso de ódio, recrutar novos membros e radicalizar apoiadores online. Segundo o MEMRI (Middle East Media Research Institute), o conteúdo gerado por IA agora é uma parte central da produção de extremistas. A preocupação cresce à medida que eles desenvolvem seus próprios modelos de IA e exploram novas maneiras de usar a tecnologia, como a produção de planos para armas 3D e receitas para fazer bombas →
🐝🐙🐍 Momento Discovery, só que na BBC: Novas pesquisas desafiam antigas crenças sobre a consciência animal! Estudos recentes revelaram que abelhas podem contar e usar ferramentas, sugerindo que possam ser conscientes. Será que é hora de reavaliar a consciência de muitos animais? E de muitos seres humanos →
🧠 Ray Kurzweil, uma figura proeminente no campo de I.A e Futurologia, recentemente esclareceu um mal-entendido acerca de sua previsão para a chegada da Inteligência Artificial Geral (AGI). Ele reafirmou que mantém sua previsão original de que a AGI, capaz de realizar qualquer tarefa cognitiva que um humano instruído pode, será alcançada até 2029. Ele também destacou que escrever no nível dos melhores poetas humanos é um padrão mais elevado do que uma AGI "simples" atingiria, possivelmente demorando mais →